Sandra
Bréa vinha de alguns papeis pouco expressivos em novelas da TV Globo quando foi
escalada para o elenco do programa humorístico FAÇA HUMOR, NÃO FAÇA A GUERRA,
com Jô Soares e Renato Corte Real. Foi quando sua estrela finalmente começou a
brilhar, pois até então, ela era apenas uma corista candidata a atriz, como
tantas outras no elenco da emissora.
Convenhamos:
era virtualmente impossível para nós, telespectadores na época, não notar uma
loura linda e esguia como ela, com um corpo de bailarina espetacular como o
dela, que parecia mais alta do realmente era, desfilando de biquini por vários
sketches humorísticos e exibindo um sorriso absolutamente cativante e uma
sensualidade à flor da pele.
Pois
foi esse programa humorístico que a catapultou para as principais capas de
revistas do Rio e de São Paulo. E foi nesse programa, especificamente, que ela
chamou a atenção de seu colega de elenco Luis Carlos Mièle, que mediu
rapidamente o potencial da moça como cantora e dançarina escolada no teatro de
revista, concluiu que estava diante de uma futura grande estrela e a chamou
para um espetáculo teatral que estava produzindo.
Mièle
montou com Sandra uma dupla de sucesso que emplacou vários shows de muito
sucesso no teatro, e que acabaram virando um programa musical mensal mais bem
sucedido ainda na TV Globo intitulado "Sandra e Mièle" (1976).
E
o resto é história.
Mas
uma história cheia de altos e baixos...
Sandra
nasceu Sandra Bréa Brito no Rio em 11 de maio de 1952.
Com
o corpo já formado aos 13 anos de idade, começou a trabalhar como modelo
fotográfico e manequim.
Aos
14, ingressou no teatro de revista em "Poeira de Ipanema", e dois
anos mais tarde, em 1968, estreou na peça "Plaza Suite", escolhida
pelo diretor João Bittencourt e pela atriz Fernanda Montenegro.
Contratada
por Moacir Deriquém na Rede Globo, participou de várias novelas ao longo dos
Anos 70 e 80.
Seu
primeiro papel de relevo foi em "O Bem Amado", de Dias Gomes,
interpretando Telma, a filha libertária do prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo
Gracindo) que volta do Rio de Janeiro, onde estudou, para sua Sucupira natal.
Mas
seus papeis mais memoráveis foram nas novelas "Sabor De Mel", de
Jorge Andrade, ao lado de Raul Cortez -- uma breve escapada dela para a TV
Bandeirantes em 1983 -- e na comédia rasgada "Bambolê" (1987), de
Daniel Más, onde interpretava a condessa VonTropp.
1970
Assim na Terra como no Céu
1970
Faça Humor, Não Faça A Guerra
1972
Uau, a Companhia
1972
Bicho do Mato
1973
O Bem-Amado
1973
Os Ossos do Barão
1974
Mulher
1974
Corrida do Ouro
1975
Escalada
1976
Sandra & Miele
1978
O Pulo do Gato
1979
Memórias de Amor
1982
Estúdio A
1982
Elas por Elas
1983
Sabor de Mel
1985
Ti Ti Ti
1986
Hipertensão
1987
Bambolê
1989
Pacto de Sangue
1990
Gente Fina
1991
Felicidade
1997
Zazá
Sandra
Bréa sempre teve alma de vedete e brilhou no Carnaval durante muitos anos.
Nunca
demonstrou a menor inibição em exibir sua nudez na Marquês de Sapucaí, em
ensaios fotográficos, ou em cenas de filmes.
Sandra
era um animal fotográfico como poucas. Sua fotogenia era arrebatadora. Por mais
temperamental e dada a estrelismos que ela pudesse ser, sabia dar a qualquer
fotógrafo exatamente o que ele queria. E, no final das contas, tanto ele quanto
o público consumidor de revistas masculinas na época acaba saindo muito
satisfeitos.
Sandra
Bréa posou nua diversas vezes para a revista EleEla, e participou de 3 ensaios
memoráveis para a Revista STATUS, clicados por Marisa Alvares Dias, Bubby Costa
e por Antonio Guerreiro, com quem ela acabou se casando.
Foi
justamente para as lentes de Guerreiro que ela protagonizou o ensaio abaixo,
produzido para a PLAYBOY brasileira em 1981, com fotos deliciosamente
reveladoras que enlouqueceram duas ou três gerações de onanistas sismicamente
ativos.
A
carreira de Sandra Bréa seguiu de vento em popa ao longo dos anos 70, ainda que
sempre pontuada por escândalos conjugais e explosões públicas desnecessárias..
Mas
foi a partir dos anos 80 que a carreira dela realmente começou a balançar, e
declinar.
Sua
bipolaridade, somada às crises de estrelismo e às turbulentas trocas de
namorados e(ou) maridos, fizeram dela, pouco a pouco, uma aposta difícil para
produtores de cinema, teatro e também para emissoras de TV.
Luiz
Carlos Mièle e Ronaldo Bôscoli foram os primeiros a desistir de novas produções
com ela, pois nunca endossaram atitudes antiprofissionais de seus contratados
-- e Sandra estava se tornando uma especialista nelas.
Por
melhores que fossem as bilheterias dos shows, Sandra criava tantos problemas
que chegou num ponto em que o faturamento não compensava as dores de cabeça
jurídicas que ela causava.
Para
piorar, ela se tornara uma usuária constante de Halcion, Valium e Rohypnol para
acalmar, e de cocaína e anfetaminas para embalar. Em consequência disso, passou
a ter um comportamento cada vez mais instável, e começou a simplesmente não
cumprir mais compromissos fechados.
Resultado:
nunca mais foi chamada para protagonizar novela alguma. Todos os convites que
ela recebeu daí por diante foram para papeis secundários em novelas, daquele
tipo que não tem como interferir no andamento da produção.
Apesar
de ter trabalhado 21 anos na TV Globo, o legado de Sandra Bréa para a emissora
é pouco lembrado hoje -- o que é compreensível, já que sua última aparição numa
novela de lá aconteceu há 26 anos.
Por
conta disso, é através dos filmes que Sandra fez, que são constantemente
reprisados pelo Canal Brasil, que sua imagem permanece viva na tela pequena desde
que saiu de cena por complicações causadas pela AIDS em Maio de 2000.
O
lamentável disso tudo é que a imensa maioria dos filmes que Sandra protagonizou
são de baixo gabarito artístico, e mesmo os melhores deles, dirigidos por
Walter Hugo Khouri e Carlos Reichenbach, a trazem sempre em miscasts
assustadores.
É
que apesar de ótima dançarina, exímia comediante e boa cantora, Sandra era
totalmente inadequada para papeis dramáticos, pois era uma canastrona
irremediável. Só que ela queria porque queria ser reconhecida como atriz
dramática, daí aceitava fazer qualquer papel pretensamente profundo naqueles
horrendos dramas eróticos pseudo-existencialistas produzidos na Boca do Lixo em
São Paulo.
O
resultado final era no mínimo constrangedor, no máximo um desastre anunciado.
Seu público na época só tolerava tamanha chateação porque sabia que, poucos
minutos depois, aquelas modorrentas cenas dramáticas terminariam, ela surgiria
na tela completamente nua e estaria tudo desculpado.
Não
deixa de ser uma grande ironia que esses filmes duvidosos e esses clássicos
ensaios fotográficos para STATUS e PLAYBOY sejam tudo o que restou do legado de
Sandra Bréa.
É
muito pouco para uma mulher que, durante quase duas décadas, brilhou tão
intensamente e levou à loucura milhões de brasileiros. (Manuel Mann)
Um
Uísque Antes, Um Cigarro Depois
(1970,
Flávio Tambellini)
Cassy
Jones, O Magnífico Sedutor
(1972,
Luis Sérgio Person)
Os
Mansos
(1972,
Braz Chediak, Pedro Carlos Róvai)
Sedução
(1974,
Fauzi Mansur)
Amada
Amante
(1978,
Cláudio Cunha)
A
Noite dos Duros
(1978,
Adriano Stuart)
Capuzes
Negros - Sede de Amar
(1978,
Carlos Reichenbach)
O
Prisioneiro do Sexo
(1979,
Walter Hugo Khouri)
Sábado
Alucinante
(1979,
Cláudio Cunha)
A
República dos Assassinos
(1979,
Miguel Faria Jr)
Os
Imorais
(1979,
Geraldo Vietri)
Herança
dos Devassos
(1979,
Alfredo Sternheim)
O
Convite ao Prazer
(1980,
Walter Hugo Khouri)
As
Aventuras de Mário Fofoca
(1983,
Adriano Stuart)
FRASES
DE SANDRA BRÉA
"Meu
grande erro foi começar a aparecer mais que meus personagens."
"Houve
um ano em que cheguei a aparecer em 20 capas de revista."
"As
feias são mais felizes."
"O
estigma da AIDS é terrível. Foi a um restaurante semanas atrás e chegando lá
passei mal. Os outros clientes olharam para mim com ar de reprovação, como se
eu não tivesse o direito de estar naquele lugar. Fiquei muito deprimida com
isso. Desde então não quis mais sair de casa.”
“Não
queria morrer de Aids, morte anunciada é terrível. Preferia morrer atropelada.
Seria mais digno.”
CASSI JONES, O MAGNÍFICO SEDUTOR
(1971)
OS MANSOS
(1972)
SEDUÇÃO
(1974)
OS IMORAIS
1979)
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