Monday, June 3, 2019

TESOURO NACIONAL: SANDRA BRÉA










Sandra Bréa vinha de alguns papeis pouco expressivos em novelas da TV Globo quando foi escalada para o elenco do programa humorístico FAÇA HUMOR, NÃO FAÇA A GUERRA, com Jô Soares e Renato Corte Real. Foi quando sua estrela finalmente começou a brilhar, pois até então, ela era apenas uma corista candidata a atriz, como tantas outras no elenco da emissora.

Convenhamos: era virtualmente impossível para nós, telespectadores na época, não notar uma loura linda e esguia como ela, com um corpo de bailarina espetacular como o dela, que parecia mais alta do realmente era, desfilando de biquini por vários sketches humorísticos e exibindo um sorriso absolutamente cativante e uma sensualidade à flor da pele.

Pois foi esse programa humorístico que a catapultou para as principais capas de revistas do Rio e de São Paulo. E foi nesse programa, especificamente, que ela chamou a atenção de seu colega de elenco Luis Carlos Mièle, que mediu rapidamente o potencial da moça como cantora e dançarina escolada no teatro de revista, concluiu que estava diante de uma futura grande estrela e a chamou para um espetáculo teatral que estava produzindo.

Mièle montou com Sandra uma dupla de sucesso que emplacou vários shows de muito sucesso no teatro, e que acabaram virando um programa musical mensal mais bem sucedido ainda na TV Globo intitulado "Sandra e Mièle" (1976).

E o resto é história.

Mas uma história cheia de altos e baixos...





Sandra nasceu Sandra Bréa Brito no Rio em 11 de maio de 1952.

Com o corpo já formado aos 13 anos de idade, começou a trabalhar como modelo fotográfico e manequim.

Aos 14, ingressou no teatro de revista em "Poeira de Ipanema", e dois anos mais tarde, em 1968, estreou na peça "Plaza Suite", escolhida pelo diretor João Bittencourt e pela atriz Fernanda Montenegro.

Contratada por Moacir Deriquém na Rede Globo, participou de várias novelas ao longo dos Anos 70 e 80.

Seu primeiro papel de relevo foi em "O Bem Amado", de Dias Gomes, interpretando Telma, a filha libertária do prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo) que volta do Rio de Janeiro, onde estudou, para sua Sucupira natal.

Mas seus papeis mais memoráveis foram nas novelas "Sabor De Mel", de Jorge Andrade, ao lado de Raul Cortez -- uma breve escapada dela para a TV Bandeirantes em 1983 -- e na comédia rasgada "Bambolê" (1987), de Daniel Más, onde interpretava a condessa VonTropp.


1970 Assim na Terra como no Céu
1970 Faça Humor, Não Faça A Guerra
1972 Uau, a Companhia
1972 Bicho do Mato
1973 O Bem-Amado
1973 Os Ossos do Barão
1974 Mulher
1974 Corrida do Ouro
1975 Escalada
1976 Sandra & Miele
1978 O Pulo do Gato
1979 Memórias de Amor
1982 Estúdio A
1982 Elas por Elas
1983 Sabor de Mel
1985 Ti Ti Ti
1986 Hipertensão
1987 Bambolê
1989 Pacto de Sangue
1990 Gente Fina
1991 Felicidade
1997 Zazá





Sandra Bréa sempre teve alma de vedete e brilhou no Carnaval durante muitos anos.

Nunca demonstrou a menor inibição em exibir sua nudez na Marquês de Sapucaí, em ensaios fotográficos, ou em cenas de filmes.

Sandra era um animal fotográfico como poucas. Sua fotogenia era arrebatadora. Por mais temperamental e dada a estrelismos que ela pudesse ser, sabia dar a qualquer fotógrafo exatamente o que ele queria. E, no final das contas, tanto ele quanto o público consumidor de revistas masculinas na época acaba saindo muito satisfeitos.

Sandra Bréa posou nua diversas vezes para a revista EleEla, e participou de 3 ensaios memoráveis para a Revista STATUS, clicados por Marisa Alvares Dias, Bubby Costa e por Antonio Guerreiro, com quem ela acabou se casando.

Foi justamente para as lentes de Guerreiro que ela protagonizou o ensaio abaixo, produzido para a PLAYBOY brasileira em 1981, com fotos deliciosamente reveladoras que enlouqueceram duas ou três gerações de onanistas sismicamente ativos.










A carreira de Sandra Bréa seguiu de vento em popa ao longo dos anos 70, ainda que sempre pontuada por escândalos conjugais e explosões públicas desnecessárias..

Mas foi a partir dos anos 80 que a carreira dela realmente começou a balançar, e declinar.

Sua bipolaridade, somada às crises de estrelismo e às turbulentas trocas de namorados e(ou) maridos, fizeram dela, pouco a pouco, uma aposta difícil para produtores de cinema, teatro e também para emissoras de TV.

Luiz Carlos Mièle e Ronaldo Bôscoli foram os primeiros a desistir de novas produções com ela, pois nunca endossaram atitudes antiprofissionais de seus contratados -- e Sandra estava se tornando uma especialista nelas.

Por melhores que fossem as bilheterias dos shows, Sandra criava tantos problemas que chegou num ponto em que o faturamento não compensava as dores de cabeça jurídicas que ela causava.

Para piorar, ela se tornara uma usuária constante de Halcion, Valium e Rohypnol para acalmar, e de cocaína e anfetaminas para embalar. Em consequência disso, passou a ter um comportamento cada vez mais instável, e começou a simplesmente não cumprir mais compromissos fechados.

Resultado: nunca mais foi chamada para protagonizar novela alguma. Todos os convites que ela recebeu daí por diante foram para papeis secundários em novelas, daquele tipo que não tem como interferir no andamento da produção.

Apesar de ter trabalhado 21 anos na TV Globo, o legado de Sandra Bréa para a emissora é pouco lembrado hoje -- o que é compreensível, já que sua última aparição numa novela de lá aconteceu há 26 anos.

Por conta disso, é através dos filmes que Sandra fez, que são constantemente reprisados pelo Canal Brasil, que sua imagem permanece viva na tela pequena desde que saiu de cena por complicações causadas pela AIDS em Maio de 2000.

O lamentável disso tudo é que a imensa maioria dos filmes que Sandra protagonizou são de baixo gabarito artístico, e mesmo os melhores deles, dirigidos por Walter Hugo Khouri e Carlos Reichenbach, a trazem sempre em miscasts assustadores.

É que apesar de ótima dançarina, exímia comediante e boa cantora, Sandra era totalmente inadequada para papeis dramáticos, pois era uma canastrona irremediável. Só que ela queria porque queria ser reconhecida como atriz dramática, daí aceitava fazer qualquer papel pretensamente profundo naqueles horrendos dramas eróticos pseudo-existencialistas produzidos na Boca do Lixo em São Paulo.

O resultado final era no mínimo constrangedor, no máximo um desastre anunciado. Seu público na época só tolerava tamanha chateação porque sabia que, poucos minutos depois, aquelas modorrentas cenas dramáticas terminariam, ela surgiria na tela completamente nua e estaria tudo desculpado.

Não deixa de ser uma grande ironia que esses filmes duvidosos e esses clássicos ensaios fotográficos para STATUS e PLAYBOY sejam tudo o que restou do legado de Sandra Bréa.

É muito pouco para uma mulher que, durante quase duas décadas, brilhou tão intensamente e levou à loucura milhões de brasileiros. (Manuel Mann)


Um Uísque Antes, Um Cigarro Depois
(1970, Flávio Tambellini)
Cassy Jones, O Magnífico Sedutor
(1972, Luis Sérgio Person)
Os Mansos
(1972, Braz Chediak, Pedro Carlos Róvai)
Sedução
(1974, Fauzi Mansur)
Amada Amante
(1978, Cláudio Cunha)
A Noite dos Duros
(1978, Adriano Stuart)
Capuzes Negros - Sede de Amar
(1978, Carlos Reichenbach)
O Prisioneiro do Sexo
(1979, Walter Hugo Khouri)
Sábado Alucinante
(1979, Cláudio Cunha)
A República dos Assassinos
(1979, Miguel Faria Jr)
Os Imorais
(1979, Geraldo Vietri)
Herança dos Devassos
(1979, Alfredo Sternheim)
O Convite ao Prazer
(1980, Walter Hugo Khouri)
As Aventuras de Mário Fofoca
(1983, Adriano Stuart)










FRASES DE SANDRA BRÉA

"Meu grande erro foi começar a aparecer mais que meus personagens."

"Houve um ano em que cheguei a aparecer em 20 capas de revista."

"As feias são mais felizes."

"O estigma da AIDS é terrível. Foi a um restaurante semanas atrás e chegando lá passei mal. Os outros clientes olharam para mim com ar de reprovação, como se eu não tivesse o direito de estar naquele lugar. Fiquei muito deprimida com isso. Desde então não quis mais sair de casa.”

“Não queria morrer de Aids, morte anunciada é terrível. Preferia morrer atropelada. Seria mais digno.”



UM UÍSQUE ANTES, UM CIGARRO DEPOIS
(1970)
CASSI JONES, O MAGNÍFICO SEDUTOR
(1971)
OS MANSOS
(1972)
SEDUÇÃO
(1974)
OS IMORAIS
1979)



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