Tuesday, February 5, 2019

MULHERES QUE O TEMPO ESQUECEU (MAS NÓS NÃO): MONICA VELOSO, A AMANTE DE RENAN CALHEIROS

 

A jornalista Mônica Veloso, aquela a quem o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) costuma se referir como “a gestante”, concedeu uma entrevista exclusiva a VEJA. A combinação do que ela diz com as informações dos extratos bancários do pai de sua filha sugere que Renan contou a seus pares uma história fantasiosa, o que agrava a sua situação se o Senado se levar a sério. Abaixo, seguem trechos e link da reportagem de Policarpo Jr, com a entrevista. Se você ler a matéria na íntegra, vai perceber por que a versão de Renan não resiste nem mesmo a uma análise criteriosa de seu extrato bancário. O relator do caso no Conselho de Ética, “Um homem chamado Cafeteira” (PTB-MA), disse que não pretende convocar a jornalista para depor. Ele deve saber por quê.

Há duas semanas, VEJA revelou que o senador Renan Calheiros, do PMDB de Alagoas, teve algumas de suas despesas pessoais pagas por Cláudio Gontijo, lobista da construtora Mendes Júnior. O senador recorreu aos préstimos financeiros do lobista para pagar a pensão e o aluguel da jornalista Mônica Veloso, com quem tem uma filha de 3 anos. Desde então, todos os personagens do caso já se manifestaram publicamente. O senador admitiu que pediu ao lobista que atuasse como intermediário entre ele e a jornalista, mas garantiu que o dinheiro era seu. O lobista, em depoimento no Senado, confirmou a versão do senador. Até a esposa de Calheiros, Verônica, falou sobre o caso, embora tenha discorrido sobre o romance extraconjugal do senador, assunto que só interessa a ela e ao seu marido, e não tenha dito mais do que uma palavra sobre a origem do dinheiro que bancava a pensão e o aluguel, assunto, esse sim, que interessa ao país.

A única personagem que ainda não havia contado sua versão resolveu falar. A jornalista Mônica Veloso, 38 anos, em entrevista exclusiva a VEJA, conta que:
• o dinheiro que recebia era sempre pago pelo lobista da Mendes Júnior;
• os pagamentos eram sempre em dinheiro vivo;
• como regra, os pagamentos eram feitos no escritório da Mendes Júnior em Brasília. Poucas vezes aconteceram fora dali;
• Renan Calheiros nunca falava de dinheiro e nunca lhe dissera que o dinheiro era dele;
• sempre que tinha de tratar de dinheiro, o interlocutor era o lobista Cláudio Gontijo, nunca o senador.

Onde a senhora pegava o dinheiro?

MÕNICA – Na maioria das vezes, era no escritório da Mendes Júnior. Mas houve várias formas. Nos últimos meses da gravidez (a criança nasceu em julho de 2004) e no período do resguardo, o Cláudio me entregava os envelopes com dinheiro na minha casa, na minha produtora… Mas, depois disso, eu ia buscar o dinheiro na Mendes Júnior e o depositava na minha conta. Não tenho o costume de guardar dinheiro debaixo do colchão.

A senhora pegava o dinheiro na portaria do edifício da Mendes Júnior ou entrava no escritório?
MÔNICA – Eu chegava ao prédio e me identificava na portaria. Eles anotam nome, identidade, hora e a sala aonde você vai. Se eles guardaram esses registros, é só conferir que minhas entradas estarão todas lá. Eu pegava o elevador até o 11º andar. Lá, me anunciava no interfone e a secretária abria a porta do escritório.

A entrevista de Mônica, associada ao depoimento do lobista e aos extratos do senador, derruba algumas versões e mantém a dúvida central: quem pagava as despesas do senador? Na semana passada, o conselho de ética do Senado abriu processo para investigar as ligações do senador com o lobista. O senador não gostou. Preferia que o caso fosse encerrado logo. Mas é engano imaginar que a abertura de processo significa que o Senado está empenhado numa investigação séria. A maioria dos senadores está decidida a acabar com o assunto de uma vez, mas precisa produzir ao menos um simulacro de legalidade. É assim que funcionam os clubinhos fechados. O relator do caso será o senador Epitácio Cafeteira, 82 anos, do PTB do Maranhão, aliado de Renan Calheiros e José Sarney. Quando o jornal O Globo perguntou a Cafeteira se ele pretende convocar a jornalista para depor, o senador deixou evidente sua disposição de abafar o caso: “Chamar a moça para quê? Para fofocar?”. Não, Cafeteira, chame a moça para ajudá-los a fazer contas. (Reinaldo Azevedo, 09Junho2007)































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