Ser
Paquita já era uma vontade de seguir carreira artística ou somente viver aquela
febre do momento sem pensar pra frente?
Fui
uma menina cheia de sonhos, entre eles estavam os sonhos de ser atriz e ser
Paquita. Porém, um independente do outro. Cresci assistindo o “Xou da Xuxa” e,
como muitas meninas da minha geração, queriam ser Paquita, pra estar perto da
Xuxa e fazer parte do mundo dela! Ser Paquita foi a realização de um sonho de
infância!
Mesmo
com experiência em TV e teatro você decidiu fazer faculdade de Artes Cênicas.
Por quê?
Em
1999 eu saí do grupo de Paquitas porque havia passado no teste para a peça “A
Lista”, do Oswaldo Montenegro. Logo no início, na fase de ensaio, eu ainda
conciliava os ensaios da peça com as gravações dos programas e compromissos de
Paquita, mas foi uma loucura! Percebi que precisava me dedicar ao novo
sonho…uma nova porta se abria e eu era “crua”, tinha limitações por falta de
conhecimento. Era necessário estudar, ter mais conhecimento sobre o ofício do
ator. E foi então, que ainda fazendo a peça, eu comecei a estudar teatro e fiz
a faculdade de artes cênicas. Eu estudava teatro quando passei a ser chamada
para testes na Globo, até que em 2000, passei no teste para a minha 1ª novela
“Porto dos Milagres”. Em 2001 acabei a faculdade com uma peça de encerramento
chamada “Handbag”, de Mark Ravenhill.
Que
dificuldades você enfrentou no início de carreira como atriz e o que faria
diferente se pudesse voltar no tempo?
Não
faria nada de diferente. Tenho boas recordações do meu início de carreira como
atriz. Tudo foi válido, até mesmo as dificuldades! No geral, as pessoas pensam
que o papel do ator é muito fácil, basta ler o texto e decorar, mas eu tinha
consciência que ser atriz era muito mais do que isso. Sempre vi a arte de atuar
como um ofício sério de estudo e observação. Atuar é transcender seus limites,
se reinventar. E conseguir isso é trabalhoso, porém, sem sombra de dúvidas,
muito prazeroso! Eu sempre fui uma curiosa por natureza, tenho sede de aprender
e isso contribuiu para o meu amadurecimento e crescimento profissional.
Dificuldades eu vou encontrar sempre. E isso é bom porque não me paralisa, não
me acomoda!
Depois
de um longo período na Globo você foi para a Record. Sentiu muita diferença do
estilo de trabalho? Com foi essa “mudança de canal”?
Eu
não estava escalada em nenhum projeto da Globo e tinha uma ótima proposta de
trabalho na Record. Foi uma mudança natural e tranquila! Eu queria trabalhar!!
A Record me proporcionou meu primeiro trabalho com comédia, e de uma importância
ímpar na minha carreira com a personagem Elvira, em “Bela, a feia”.
Atualmente
você está interpretando a periguete Diva Paranhos, de Balacobaco, da Record,
como está sendo fazer a Diva e existe algo de você nela?
A
Diva não é propriamente uma “periguete”. Tem um pouco também, mas é uma vilã
atrapalhada, engraçada. Eu penso que meu papel de atriz é servir à personagem.
Tanto a caracterização quanto o trabalho interno são únicos. O que eu
“empresto” pra personagem é meu corpo, e a cada personagem eu gosto de mudar o
visual de acordo com as características de cada uma. Não há um traço de
semelhança entre a Diva e eu. Nossas energias são bem distintas!
Mais
diferente que a Diva só mesmo a Jennifer, que era um personagem lésbico. Sofreu
algum preconceito na época?
A
Jennifer foi um divisor de águas na minha carreira. Foi um trabalho com um peso
dramático muito grande, pois tratava de um assunto ainda muito polêmico: o
homossexualismo. Em pleno século XXI e ainda um tabu? Sim! No início era como
trabalhar na corda bamba. Em outras novelas houve tentativas frustradas de se
falar sobre o homossexualismo pela rejeição do público, mas tivemos uma
agradável surpresa por parte do público e da crítica, e o que poderia ser um
problema, não foi! Pelo contrário, foi tão bem desenvolvido pelo Aguinaldo
Silva e dirigido pelo Wolf Maya e os outros diretores, que até mesmo adoção de
crianças pelo casal homossexual foi falado, e Jennifer e Leo (Mylla Christie)
adotaram uma criança no final da novela. Eu não sofri nenhum preconceito, mas é
claro que na época algumas pessoas confundiram e acharam que eu também era
lésbica! (risos)!! Mas isso acontece com todos os personagens e é normal esse
tipo de confusão por parte do público!! Essa confusão nunca me incomodou e eu ainda
acho graça disso! (risos)! É sempre um bom sinal!
Você
posou 2 vezes para a Playboy. A primeira aos 26 anos e a segunda com quase 30.
O que mudou no seu corpo e na sua cabeça entre um ensaio e outro? E por que os
fez?
Tudo
muda o tempo todo! E o meu objetivo é que essa mudança seja sempre pra melhor!
A primeira proposta que tive da Playboy foi em 2001, com a Luiza de “Porto dos
Milagres”, mas naquele momento o ensaio com a Playboy estava fora de cogitação!
Eu assumo, já falei “nunca vou posar nua”, e aprendi, em 2005, que não se deve
falar “nunca” porque a vida é uma caixinha de surpresas e a gente não sabe como
será o amanhã!!! Em 2005, com 26 anos, decidi fazer o ensaio pra Playboy depois
de muita conversa com a minha família. Sempre fui mais recatada, pudica, e
paradoxalmente fui criada por uma mãe que enxerga a nudez de forma natural e
bela, e ainda escolhi ser atriz. Aprendi com o oficio de atriz a me libertar de
preconceitos e minhas próprias limitações, mas sem dúvida, minha mãe me deu um
“empurrãozinho”! O corpo humano é mesmo naturalmente belo! Não é a toa que a
nudez sempre esteve presente ao longo da história das artes plásticas! Não sou
hipócrita, o dinheiro que ganhei foi ótimo e teve sua importância na minha
decisão, mas não foi o dinheiro pelo dinheiro! Eu me dispus a fazer um ensaio
artístico de qualidade e bom gosto, e me senti muito confortável e segura com a
equipe que trabalhei em 2005 e em 2009. Hoje tenho 2 ensaios bem diferentes um
do outro, em que as personagens da época eram marcantes e mexiam com a fantasia
das pessoas (Jenifer e Elvira).
Você
é uma mulher bonita e sabe disso. Como encara a sua beleza? É muito vaidosa?
Você se acha sensual?
Eu
me enxergo diferente de uns tempos pra cá. A minha vaidade reconhece, sem
neuroses, a minha pele, o meu corpo, e os meus 34 anos. Envelhecer é a lei mais
natural da vida e eu quero viver muito, portanto vou envelhecer, saudavelmente,
me cuidando!! Hoje eu tenho uma boa relação comigo mesma: mais madura, com
menos cobranças, e não me acho bonita todos os dias! E quanto a sensualidade,
não acho que eu seja sensual, mas acredito que em alguns trabalhos o personagem
que faço pode mexer com a fantasia das pessoas.
Fora
da TV você é admirada pela sua simpatia, beleza e humildade. Você concorda com
seus admiradores?
Obrigada!!
Só posso agradecer pelos elogios!
Foram
essas qualidades que conquistaram Pedro Delfino? E que qualidades o Pedro tem
que te conquistou?
Não
tenho como falar por ele. O que posso afirmar é que nós tivemos um encontro de
almas. É muito profundo o sentimento. A gente diz que agora estamos mais uma
vez juntos depois de séculos! E a sensação é essa! Para o amor não há
explicações, simplesmente é!
Que
estilo o homem precisa ter para chamar sua atenção?
Não
existe um estilo específico que eu goste mais. Gosto de ser surpreendida. Às
vezes a aparência passa uma informação errada do interior da pessoa. Pro bem ou
pro mal. É o interior, o conteúdo, o caráter que me fascina!
O
que os homens ainda não sabem sobre as mulheres? E o que as mulheres deveriam
aprender com os homens?
Os
homens sabem muito das mulheres e vice-versa! Não há nada que não se tenha
lido, visto, vivido! E também há muito que se aprender com os homens, e homens
com as mulheres!! Mas ambos estão mal acostumados a apenas reclamar e se
aborrecer! Entender e respeitar que somos sexos opostos, e que isso vai além de
aspectos físicos e genéticos, já é uma forma de aprender com o outro e tornar a
convivência muito melhor!!
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