Onde
você nasceu e quais as principais lembranças de sua infância?
Paula
– Nasci e morei em Niterói. Tive uma infância ótima, morava numa casa e
tínhamos um cachorro. Eu e minha irmã vivíamos na rua brincando com os amigos,
andando de bicicleta. Mas saí de casa muito cedo, com 17 anos de idade, para
fazer um curso de modelo e manequim no Senac e, em seguida, para cursar teatro.
A parte mais chata foi quando meus pais se separaram, mas creio que isso seja
chato para qualquer adolescente. Fora isso, tive uma infância tranqüila.
Onde
estudou e como era como aluna?
Paula
– Eu sempre fui boa aluna. Estudei no Gay Lussac, em Niterói, depois fui para o
São Vicente de Paulo, um colégio de freiras, mas eu estudei pouco, pois não
gostava de lá. Fiz vestibular para Comunicação, passei, mas tranquei para fazer
a CAL (Casa das Artes de Laranjeiras), pois eu queria ter um certificado que me
permitisse fazer teatro profissionalmente.
Quando
você decidiu optar pela carreira de atriz?
Paula
– Sempre quis ser atriz, eu já sabia desde pequena. Na escola, você tinha que
optar por teatro ou artes plásticas, e sempre fiz teatro. Meu pai queria que eu
fosse professora primária, mas eu respondia: “Não, eu vou ser atriz”. Fiz
milhões de cursos, saí de Niterói, pegava barca, era uma loucura.
Qual
foi o seu primeiro trabalho como atriz?
Paula
– Foi uma peça que se chamava “A Presidenta”. Eu ainda não tinha nem
certificado, pois estava estudando na CAL. Fiquei sabendo que teria um teste,
fiz e fui aprovada. Em seguida, o ator Jorge Dória, que era protagonista da
peça, gostou de mim. Nós conseguimos uma licença que me autorizava a fazer a
peça e acabei ficando dois anos atuando com Jorge Dória, Gisela Sá (na época,
mulher do ator Stênio Garcia), Jalusa Barcelos e o Carvalhinho, que fazia dupla
com o Dória. Foi uma escola para mim, pois o Jorge era super generoso e já
estava há muito tempo trabalhando com comédia, era muito bacana. Foi muito
legal ter essa primeira experiência logo com ele.
Entre
trabalhar em teatro, cinema e novela, qual a sua preferência?
Paula
– Não tenho preferência, mas agora estou com muita vontade de fazer teatro.
Acabando essa novela (A Favorita), vou fazer uma peça. Estou pensando em
produzir, procurando textos e tudo mais. Adoro fazer televisão e cinema, pois
são três veículos completamente diferentes, mas que se completam. Na televisão
você tem todo um processo mais lento de estudar e acompanhar seu personagem. Já
o teatro é uma sala de aula, onde você tem tempo para exercitar sua voz e seu
corpo. Estou meio enferrujada, preciso dar uma malhada na minha voz, ter aquela
relação do teatro com o público, sabe?
Dentre
todos os trabalhos, qual marcou mais a sua carreira?
Paula
– A minha personagem Islene, em “América”, foi um divisor de águas na minha
carreira. Inicialmente, a relação da minha personagem era com o Jatobá (papel
feito por Marcos Frota), mas quando o Feitosa (papel feito por Aílton Graça)
veio para o meu núcleo, o Brasil inteiro “comprou o casal”. A minha personagem
tinha uma filha cega (papel feito por Bruna Marquezine) e o País queria ver a
garota com um pai. Os brasileiros gostaram da química do casal (Islene e
Feitosa).
Qual
é o seu próximo projeto de trabalho?
Paula
– Ingressarei em “A Favorita” no capítulo 60, isso deve ser próximo ao início
de agosto. Será a primeira vez que entro no decorrer de uma novela, mas não
devo ter dificuldade, pois já trabalhei com a Lília Cabral (personagem
Catarina) em duas novelas. O Jackson Antunes (personagem Leonardo) é uma flor
de pessoa, apesar de nunca ter trabalhado com ele, o conheço bem. As coisas
ficam mais fáceis quando você conhece as pessoas. Segundo o autor da trama,
João Emanuel Carneiro, a minha personagem se chamará Cléo e fará um triângulo
com as personagens da Lília e do Jackson, com a função de desestruturar uma
relação que não está funcionando (Catarina e Leonardo). Além disso, a Cléo será
dona de um restaurante.
Será
uma personagem polêmica?
Paula
– Há um boato na imprensa dizendo que a minha personagem terá uma relação
homosexual com a personagem da Lília. Outros boatos dizem que eu matarei a
personagem do Jackson. Enfim, o João, autor da novela, disse que não há nada
planejado ainda. O único fato concreto sobre a minha personagem é que ela tem
um passado misterioso e que, em determinado momento da trama, ele virá à tona.
Já cheguei até a conversar com a Lília sobre a minha futura personagem, mas nem
ela foi informada sobre o assunto. Esse fator surpresa é estimulante e bacana.
Devido
a sua beleza, você acredita que teve de se esforçar em dobro para provar o seu
talento?
Paula
– O problema não é o esforço. Eu sempre tive personagens sensuais em mãos, a
gostosa, a amante, entre outras. Certa vez, eu até brinquei com uns amigos
dizendo que furaria um olho para ver se alguém me dava um personagem dramático.
Mas creio que isso seja normal, pois eu vim de um concurso de beleza (Garota do
Fantástico). É uma trilha que você tem que percorrer e mostrar que pode fazer
outras coisas. Comecei a fazer teatro e isso fez com que as pessoas vissem que
eu não era apenas dotada de beleza.
Qual
o segredo para manter a boa forma?
Paula
– Eu sempre malhei e adoro cuidar do corpo, desde criança. Já fiz ioga, balé
clássico, salto de pára-quedas, corrida na praia, mas sempre quando tenho
tempo, malho. E você vai ficando mais velha, o seu corpo reclama. Antigamente,
eu fazia quatro horas de aulas por dia. Hoje, faço duas.
Você
acha que contribuiu para a visão do corpo feminino malhado?
Paula
– Eu sempre fiz matérias relacionadas à forma física. Na minha casa tem milhões
de revistas que fui capa e, se você olhar, todas são sobre fitness. Isso ocorre
também, porque sempre gostei de malhar.
Já
fez alguma intervenção cirúrgica de correção estética?
Paula
– Passo cremes, faço todas as cirurgias, coloco todos os botox, e não vejo
problema algum em afirmar isso. Acho uma loucura aquelas mulheres que aparecem
todas “botocadas” e dizem que não possuem uma ruga, pois nasceram assim. Nós,
atores, trabalhamos com a imagem. Se o doutor Alexandre falar que existe um
tratamento que irá melhorar a minha qualidade de colágeno e que irá atenuar as
rugas, eu o farei, mesmo que seja necessário tomar alguma injeção no rosto.
Basta ter confiança no seu médico e seguir em frente, pois creio que uma atriz
não pode ficar largada, feia, velha. Você tem que fazer tudo para ficar bem
apresentável, ainda mais com a vinda da HD (High-definition, sistema de
transmissão televisiva que possui alta qualidade), porque ela vê até o seu
útero.
Assim
como muitas mulheres, você se preocupa com a idade?
Paula
– Eu sou encanadíssima com a idade, tenho medo de envelhecer, acho que
envelhecer é uma merda. Eu tenho paranóia, todo dia fico olhando por horas no
espelho e procuro por rugas que possam ter surgido. É claro que chegará uma
hora que não terá mais jeito e, a partir daí, vou procurar um psiquiatra e
pedir um remédio anti-depressão ou um floral. Acho uma droga, quando vou à
esteira e já fico cansada com 40 minutos de exercício. Antigamente, eu corria
uma hora. Se eu encontrasse a lâmpada mágica, eu pediria para não envelhecer e
ficar com esse rosto lindo até morrer.
Já
mentiu a idade?
Paula
– Várias vezes e vou começar a mentir cada vez mais. Para alguns, digo que
tenho 35 anos, para outros, 36. Certa vez, durante uma entrevista, a jornalista
perguntou a minha idade e eu disse que tinha 37. Ela retrucou dizendo: “Paula,
mas fizemos uma entrevista no ano passado e você falou que tinha 39”. Respondi:
“É mesmo? Então eu menti para você, pois estou com 37” (risos)
Para
você não há nenhuma vantagem em envelhecer?
Paula
– Só vejo uma coisa boa ao envelhecer, a tranquilidade. Você já passou por
tantas situações, que aprende a não precisar estar em todos os lugares ao mesmo
tempo. Quando era jovem, eu queria estar em todos lugares, pois eu achava que
estava perdendo tempo. Depois de madura, você descobre que o importante é estar
com as pessoas que você gosta e que te fazem bem, vivendo o presente, sem se
preocupar com o que vai acontecer daqui a pouco ou com algo que esteja
ocorrendo em outro lugar.
E
quanto às especulações da mídia, o que você pensa?
Paula
– É o preço que a gente paga, eu não ligo muito para isso. Você entra todo dia
na casa de uma pessoa quando está no ar. Eu acho o fim da picada, quando vejo
um ator se negar a dar autógrafos ou tirar fotos. Isso é um carinho que nós
recebemos, afinal, sou uma pessoa pública. Se você não quer ser fotografado,
fique em casa, chame seus amigos e peça uma pizza. O que eu acho abusivo, por
exemplo, é o Pânico ir na casa da Carolina Dieckmann e colocar um andaime para
ficar fotografando o filho dela, pois você está dentro da sua casa. Fora isso,
você deve ser carinhoso com a imprensa para que ela possa ser com você também.
(JORNAL VICENTINO, 21 DE JUNHO DE 2008)
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