Em
1961, quando a ex-modelo Ursula Andress saiu do mar de Nassau com seu corpo
escultural coberto apenas por aquele icônico biquini branco em "Dr.
No", primeiro filme da série James Bond 007, Sean Connery quase
enlouqueceu, e as platéias também. Não era para menos: era uma mulher para mais
de 50 talheres, páreo duro para a sueca Anita Ekberg, que aparecera em "A
Doce Vida" de Federico Fellini no ano anterior. Rolou, claro, um
inevitável romance entre os Connery e ela durante as filmagens. Ambos eram
atores novatos, desconhecidos. Não faziam ideia de que estavam fazendo
história, estabelecendo as bases para a série de espionagem mais longeva e
influente de todos os tempos.
A
partir do sucesso estrondoso de "Dr. No". Ursula Andress
transformou-se na starlet européia mais solicitada do início dos Anos 60,
marcando presença tanto por filmes de Hollywood quanto por produções inglesas,
italianas e francesas. Nunca foi uma boa atriz. Nunca precisou ser. Bastava
circular diante das câmeras com sua beleza arrebatadora, tirar a roupa em uma
ou outra cena e... voilà! Fez isso em "Seresteiro de Acapulco" com
Elvis Presley. Fez isso em "Casino Royale" com David Niven e Peter
Sellers. Fez isso em "Os Quatro do Texas", com Frank Sinatra e Dean
Martin. Fez isso em "A Décima Vítima", com Marcello Mastroianni. E,
claro, fez isso em "As Fabulosas Aventuras de Um Playboy", com
Jean-Paul Belmondo.
Com
exceção de Sinatra e Niven, consta que Ursula devorou impiedosamente os atores
com quem contracenou em sua vasta filmografia. A louraça belzebu nascida em 19
de Agosto de 1936 em Ostermundigen, Suíça, sempre gostou de fuder, mas nunca
foi muito feliz nos casamentos que teve. O primeiro, com John Derek, durou dez
anos (1957-1966), mas os outros todos tiveram vida curta. Ursula namorar sem
compromisso. Já quarentona, começou a fazer aquele número clássico “Maitê
Proença”, fazendo de conta que namorava personalidades homossexuais que não
podiam assumir publicamente sua condição. Um certo jogador brasileiro (hoje
técnico), que jogou em Roma por alguns anos, posou de namorado dela nos Anos
80. Se conseguiu convencer os italianos de que era heterossexual, isso eu
confesso que não sei. Mas aqui no Brasil ninguém acreditou no namoro – que,
diga-se de passagem, saía estampado na Revista Manchete semana sim, semana não.
Sua
carreira, no entanto, começou a perder o rumo no início dos Anos 70 quando
Hollywood fechou as portas para atrizes europeias. Foi quando ela passou a ser
convidada apenas para produções inglesas B e comédias italianas ligeiras,
sempre para exibir seu corpo em cenas cada vez mais quentes e mais reveladoras.
Seguiu até meados dos Anos 80 exibindo seu corpo nesses filmes, desafiando
bravamente a chegada dos 50 anos. Daí para a frente, deixou o cinema e começou
a atuar em séries de TV esquecidas pelo tempo como "Manimal" e
"Falcon Crest".
Ursula
trabalhou muito pouco nos últimos 25 anos, mas nunca se aposentou oficialmente.
Seu último trabalho foi em 2005, na comédia satírica suíça "Die
Vogelpredigt", inédita por aqui. Ao contrário de muitas mulheres que foram
lindíssimas na juventude, ela não se esconde dos paparazzi para manter sua
beleza de outrora cristalizada. Pelo contrário: adora posar para eles, adora
conceder entrevistas e falar de seu passado namorador e da vida boa que teve em
seus anos de jet-set internacional. Não tem medo nem vergonha de seus 83 anos
recém-completados.
Ursula
pode não ter tido uma grande carreira no cinema, mas com certeza se divertiu um
bocado. É talvez a única bond-girl que se deu bem depois de ter sido bond-girl,
talvez por ter consciência de que não era uma bom atriz, e sim uma bombshell
arrebatadora, uma deusa do sexo com uma buceta sempre faminta, uma fêmea capaz
de trazer qualquer homem a seus pés. Teve – talvez ainda tenha, vai saber... --
como lema de vida aquela mesma frase que celebrizou Leila Diniz, dita em 1970
no camarim de uma peça musical da qual participava, quando se negou a sair com
um fazendeiro rico e prepotente do Mato Grosso que insistia que ela tinha que
dar para ele, pois dava pra todo mundo. A frase é a seguinte: “Dou pra todo
mundo, mas não dou pra qualquer um” (Ju Cartwright)
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