Monday, May 7, 2018

NO WEB-ESCONDERIJO DA SEMANA, UMA HEMEROTECA COM OS 60 ANOS DO SEMANÁRIO NOVAIORQUINO VILLAGE VOICE

por Manuel Mann, de Lisboa


O tom das capas derradeiras tem sido a condizer com o estado da actualidade e não tanto com o Verão – a banda-sonora de Trent Reznor ou A Tribe Called Quest para o apocalipse, “como se resolve um problema como Michael Moore?”. E serão, talvez sintomaticamente, mesmo das últimas. Sessenta e dois anos depois da sua fundação, o jornal Village Voice, uma instituição do jornalismo “alternativo” nova-iorquino, da Greenwich Village de Manhattan e de uma certa cultura (ou contracultura) norte-americana, deixa de ser publicado em papel. Mais uma mudança nos média, comentada em tom quase fúnebre por jornais e leitores.


Os novos proprietários do título ainda não revelaram quando será publicada a derradeira edição impressa, garantindo que os artigos do jornal de assumida orientação política à esquerda e ainda mais visível enamoramento pela boémia da cidade que o viu nascer continuarão como até aqui no seu site. Um dos fundadores do Village Voice foi o escritor Norman Mailer, e ao seu nome juntaram-se os dos romancistas Henry Miller, Ezra Pound ou James Baldwin e os de jornalistas como Lester Bangs, cronista da cena musical dos anos 1960 e 70, ou da ensaísta e feminista Ellen Willis.

 

Esse tempo já passou. “Durante mais de 60 anos, o Village Voice desempenhou um grande papel no jornalismo, na política e na cultura americana”, diz o comunicado de Peter Barbey, descendente de uma família de donos de jornais e proprietário do Village Voice desde 2015. “Foi um farol para o progresso e uma voz, literal, para milhares de pessoas cujas identidades, opiniões e ideias de outra forma poderiam não ter sido ouvidas", continua, desdramatizando logo a seguir a decisão agora tomada: “O que dava mais poder ao Voice não era o facto de ser impresso ou de sair todas as semanas”, mas sim o de ter permanecido "vivo" e de ter evoluído “a par e reflectindo os tempos e o mundo em evolução à sua volta”. Agora, defende Barbey em linguagem de negócios, quer que o jornal seja visto como uma “marca”. “Quero que a marca Village Voice represente isso para uma nova geração de pessoas – e para gerações vindouras”.


O factor geração é indissociável do Voice, o semanário repleto de classificados distribuído nas caixas vermelhas que pontuam as ruas de Manhattan ao lado de jornais gratuitos ou pagos – ele próprio se tornou gratuito em 1996. Competia e competiria tanto com a revista Time Out New York quanto com o então emergente site de anúncios Craigslist.



Resgatamos aqui a história do Voice impresso. Mas lembramos que o Voice continua vivo e forte no websítio https://www.villagevoice.com/   


LEIA AS EDIÇÕES DO VILLAGE VOICE EM PDF
DE OUTUBRO DE 1957 ATÉ A ATUAL AQUI





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