Jaguar
é o pseudônimo de um cartunista brasileiro que teve um destaque muito
importante nos últimos 50 anos de nossa história. Foi um dos fundadores do
famoso jornal "O Pasquim" em 1969 e criador do ratinho Sigmund ou Sig
para os íntimos, o seu alter-ego, que ora tem um temperamento irônico, noutro
valentão, sonhador, bem-comportado e que muda de fisionomia como muda de humor.
Sérgio
de Magalhães Gomes Jaguaribe nasceu no dia 29 de fevereiro de 1932, no Rio de
Janeiro e iniciou sua carreira de cartunista aos 20 anos de idade, em 1952, na
revista Manchete e onde por influência de Borjalo passou a assinar somente
Jaguar. Até então era um funcionário do Banco do Brasil e subordinado ao grande
compositor Sérgio Porto, que o convenceu a não deixar o emprego em favor do
humorismo, mas parece que não adiantou.
Jaguar
tem o seu traço estilístico com grande influência dos trabalhos de Saul
Steinberg, um cartunista norte-americano e também do gravador francês André
François do início do século XX. Esse estilo bem livre e solto faz com que se
aproxime rapidamente de outros cartunistas da época.
Já
no início dos anos sessenta vai trabalhar para a revista “Senhor” e torna-se
rapidamente um cartunista de destaque. Passa a contribuir com seus desenhos
também para a "Revista Semana" e "Revista Civilização
Brasileira" em seu semanário de humor "Pif-Paf", bem como para
os jornais cariocas como "Tribuna da Imprensa" e a "Última
Hora". Em 1968 consegue lançar a sua primeira antologia denominada
"Átila, você é um bárbaro".
Quando
a ditadura se instala no Brasil na década de 60/70, Jaguar funda com outros
amigos, como Tarso de Castro e Sérgio Cabral, o jornal "O Pasquim" em
1969, onde lança o personagem de um ratinho chamado Sigmund ou Sig que vai
acompanhar toda os exemplares de todas as edições de "O Pasquim" como
um mestre de cerimônias, geralmente aparecendo na capa ou na abertura das
matérias.
"O
Pasquim", cujo nome significa "jornal ruim e controverso" faz os
brasileiros ficarem conhecendo bem de perto outros cartunistas como Henfil,
Millôr Fernandes, Ziraldo, entre outros, assim como é um dos poucos meios de
comunicação que enfrenta de forma escachada e escandalosa os anos de chumbo dos
generais.
As
charges de Jaguar enlouquecem o regime militar e por conta disso vê suas noites
ficarem quadradas no xadrez. Nesse meio tempo, o jornal passa a ser editado por
Millôr Fernandes e Henfil que são os únicos que conseguem escapar da cadeia,
ajudados por outros amigos artistas.
Com
o encerramento do "Pasquim", por volta de 1991, Jaguar vai trabalhar
como editor no jornal "A Notícia" e em 1999, juntamente com outros
remanescentes de "O Pasquim" criam a revista de humor
"Bundas", claro que tirando um sarro da revista "Caras".
Mais
tarde em 2001 escreve o livro "Confesso que Bebi" onde ele narra
várias histórias vividas com seus amigos como Paulo Francis, Sérgio Cabral, Tom
Jobim, entre outros, e que também serve como guia gastronômico a diversos bares
e restaurantes do Rio de Janeiro. Atualmente (2008) Jaguar escreve uma coluna
no jornal "O Dia" e charges para a coluna de Ivan Lessa para o
"Jornal do Brasil".
Em
2006, Jaguar foi a Câmara protocolar a devolução da medalha “Pedro Ernesto”
concedida a ele há oito anos atrás, pelo então vereador Chico Alencar, ao ficar
sabendo que a medalha também havia sido destinada para o Roberto Jefferson, o
deputado do PTB, que admitiu ter recebido quatro milhões de reais e delatou o
esquema do “mensalão”. A devolução acabou causando um tremendo de um mal estar
na Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro.
Em
5 de abril de 2008, Jaguar e outros vinte jornalistas que foram duramente
perseguidos durante o regime militar nos anos 60 e 70 ganharam a causa perante
a “Comissão de Anistia do Ministério da Justiça”. Jaguar e Ziraldo
desembolsaram cerca de um milhão de reais cada um. Millôr Fernandes foi um dos
poucos que não entraram com uma ação e criticou duramente seus amigos dizendo
se a luta pela liberdade era um ideal ou apenas um investimento.
Jaguar
teve que parar de beber em 2013 quando descobriu sofrer de câncer e de cirrose
hepática. Na ocasião, declarou que “foi traído pelo seu próprio organismo”.
Continua trabalhando produzindo charges para A Tarde e para a Folha de S. Paulo.
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