O cantor, compositor e guitarrista Wayne Kramer
surgiu na cena musical de Detroit na segunda metade dos Anos 60, como
integrante do incendiário grupo Motor City 5 (MC5). Tocava no Grand Ballroom,
que era gerenciado por John Sinclair, um escritor radical de esquerda. que
havia fundado o Movimento Panteras Brancas. O mote principal das performances
da banda era “Kick Out The Jams” -– em bom português, Bota Pra Fudê --, que
acabou servindo como título ao primeiro LP deles pela Elektra. Mas muitos
lojistas se negaram a comercializar um disco com um nome desses, daí a gravadora optou
por deixar na capa do LP apenas o logo da banda -– que, inconformada, mandou
confeccionar adesivos com as palavras FUCK YOU usando a mesma tipologia do logo
da banda e os afixou nas vitrines das lojas que criaram este impasse. Isso levou, naturalmente, a um rompimento com a Elektra. Mas logo em seguida conseguiram um novo empresário -– o crítico musical Jon Landau -– que conseguiu para eles um contrato com a ATCO, onde gravaram dois ótimos
discos: “Back In The USA” e “High Time”. Pena que a banda fosse tão autodestrutiva,
e todos os integrantes usuários de drogas pesadas e também traficantes
eventuais. Wayne foi um dos integrantes da banda que não morreu de OD, mas acabou em cana onde permaneceu
por boa parte dos Anos 70. Retomou sua carreira nos anos 80 como artista solo, gravou bons discos pela Epitaph Records, e, mais recentemente, assumiu a liderança de uma nova encarnação do MC5, bem menos turbulenta que a original. Não tem lançado discos nos últimos 10 anos, mas vira e mexe
reaparece em tournée à frente do MC5. Esteve com a banda em São Paulo alguns
anos atrás, estranhamente acompanhado do cantor e guitarrista power-pop
Marshall Crenshaw -– uma combinação estranha, que não deu liga, mas que foi
divertida mesmo assim. (Chico Marques)
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