Havia
algum tempo que ele tivera esta ideia de ver o seu peito lisinho, livre de
pêlos. Queria fazer uma surpresa à esposa. Já tinham falado sobre isso algumas
vezes e ele também desejava que ela pudesse percorrer-lhe o peito e a barriga
com a língua.
Toca
o telefone na recepção da clínica. A recepcionista não está, por isso ela
atende.
"Carpe
Corporem, boa tarde, em que posso ser útil?"
Do
outro lado, um homem diz que esteve a ver o site da clínica e gostava de marcar
uma sessão de depilação. Esta clínica atende pessoas de ambos os sexos por
esteticistas credenciados de ambos os sexos.
Seguem-se
as perguntas banais que ela sabe de cor e faz com toda a simpatia e
profissionalismo, sempre com um sorriso nos lábios, mesmo sabendo que a pessoa
do outro lado da linha não vê, sabe que isso se nota na voz.
Marcou
a sessão na sua agenda, no dia seguinte teria uma hora disponível para fazer
depilação no peito do senhor.
-
Está marcado, Sr. Alberto Correia. Amanhã quando chegar, pergunte pela Carla.
Alberto
gostou da eficiência do atendimento, da voz que sorria. A esposa faria anos no
dia seguinte e a depilação era parte do seu presente.
Cinco
minutos antes da hora marcada, Alberto entra na clínica. O ambiente é calmo e
acolhedor. Um cheiro suave paira no ar e ouve-se baixinho uma música relaxante.
A recepcionista pede-lhe para esperar numa cadeira confortável.
Ele
não é lindo de morrer, mas tem imenso charme, um olhar intenso que cativa.
Apesar da camisola e das calças de ganga despretensiosas, mantém uma postura
formal enquanto folheia o semanário que trouxe consigo.
Pouco
depois aparece Carla. Tem certamente menos uma década que ele, um sorriso
sempre pronto. Cabelo brilhante, pele clara, ligeiramente maquilhada.
Apresenta-se na sua bata branca e fá-lo dirigir-se ao gabinete.
É
um espaço simpático. Tem uma secretária de atendimento e uma "marquesa de
tortura". Ela diverte-se a chamar-lhe assim na brincadeira, mas já
percebeu que alguns clientes levam a piada demasiado a sério.
Ele
despe a camisola e senta-se sobre a marquesa, permitindo-lhe que avalie o
estado da sua pele e qual a melhor cera a aplicar. Decide-se por cera de
chocolate.
A
maioria dos clientes da clínica é do sexo feminino. Também tem alguns clientes
regulares masculinos, geralmente são desportistas. Muito raramente aparecem
homens como aquele que decidem fazer alguma coisa de diferente para mudar o seu
aspecto. Mas a pouco e pouco, os homens começam a preocupar-se mais com a sua
imagem, principalmente com a chegada do tempo bom para a praia.
Carla
começa pelas zonas menos sensíveis e avisa que vai doer. Os homens têm geralmente
muito menos tolerância à dor que as mulheres, por isso ela vai com calma.
Barra-o
com uma pasta castanha cremosa com cheiro a cacau. A pasta solidifica e adquire
uma consistência plástica passados uns segundos. Ela testa a consistência e
puxa de repente, sem dó nem piedade. Ele dá um pulo e ela dá-lhe umas
palmadinhas para anestesiar a pele. Deixa-o recompor-se um pouco.
-
Bem, eu disse-lhe que ia doer, mas veja, nem um pelinho! - diz ela enquanto ele
passa a mão pela pele recém depilada. Parece realmente outra pele. Está quente
e vermelha, com os poros irritados. Mas ela diz-lhe que isso já passa, que no
final aplica-lhe um creme calmante que o vai deixar tão suave com o rabinho de
um bebé e ele aceita continuar a tortura.
A
parte da barriga dói mais, ele começa a ponderar não fazer quando chega ao
estômago. Ela convence-o dizendo que assim a esposa muito mais facilmente
conseguirá rodear-lhe o umbigo e passear a língua pelo baixo-ventre. É um mundo
de novas sensações que se pode abrir.
Vai
tentando manter uma conversa com ele. Alberto não fala muito sobre a sua vida
pessoal a Carla. Aos poucos, ela apercebe-se que ele trabalha numa
multinacional, faz consultoria técnica e dá formação a colaboradores.
Apercebe-se também que é casado há 4 anos, tem uma vida sexual saudável e não
tem filhos.
Ela
sugere depois a depilação das axilas, que é só mais um pouco, que é rápido, não
dói nada.
-
Nunca foi beijado nas axilas? Nunca lhe passaram a língua por esses lados? Não
sabe o que perde, devia experimentar! - Diz ela piscando o olho.
A
parte de não doer nada era mentira, mas realmente foi rápido.
Ela
aplica-lhe ainda o derradeiro processo de tortura que é passar toda a pele a
pente fino com uma pinça. Em alguns sítios faz cócegas, o que torna o processo
difícil de realizar, mas ela lá consegue.
Ao
contrário do que é costume, Carla fala da sua vida a Alberto. Fez o primeiro
ano de psicologia. As saídas profissionais estavam difíceis e ela queria
começar a ganhar dinheiro rapidamente para sair de casa dos pais e ir viver com
o namorado. Decidiu-se por uma profissão mais técnica e fez um curso de
formação de esteticista. Passados três anos de prática, anseia por mais. O
trabalho é agradável, mas muito repetitivo. Por vezes já não pode ver mais
pêlos à frente.
Por
fim, acalma-lhe a pele com o prometido creme, tocando-lhe sem luvas no torso
torturado. As mãos dela são pequenas e suaves, com gestos precisos.
Massajam-lhe a pele sedenta de paz até o creme ser completamente absorvido.
Repete o mesmo processo nas axilas. Alberto fecha os olhos e deixa-se levar
pelo toque, pelo som calmo da música, pelo aroma suave da sala. E sabe bem
aquela experiência. O prazer da massagem é intensificado pela dor da depilação
e o resultado agrada-lhe.
- Para a próxima, tem de
experimentar depilar os genitais. – diz ela com um sorriso nos lábios, em jeito
de provocação.
E
não é que ele acedeu à sugestão? Para surpresa de Carla, duas semanas depois,
recebe uma marcação de Alberto. O seu torso continua sem pêlos. Ele revela que
a esposa adorou a surpresa e ele gostou muito da forma como ela o demonstrou.
Tem sentido de humor, este Alberto. Dá umas gargalhadas engraçadas. Desta vez
voltou com ideias de fazer depilação nos genitais, mas tinha algumas dúvidas,
queria experimentar, mas não se sentia muito à vontade com isso. Ela
esclareceu-lhe as dúvidas, deixou-o completamente à vontade, disse que tinham
pessoas formadas, de ambos os sexos.
Ele
perguntou se poderia ser ela a fazê-lo, ao que ela respondeu afirmativamente. E
ele acabou por aceitar.
A
experiência que ela tinha na depilação do sexo masculino era ainda pouca, decorrente
do estágio que tinha feito no instituto e dois ou três clientes. Mas sempre
tinha corrido bem, com o maior dos profissionalismos. Este caso não seria
diferente.
Carla
gosta de falar com os clientes. Tem clientes fiéis que lhe contam a vida toda.
As suas preocupações, as suas alegrias, os seus pecados... Ela ouve. Ela sabe
ouvir e sabe que pode tirar partido disso. Retomou os estudos de psicologia e
fala sobre isso com o seu cliente, enquanto prepara a cera. É uma cera
cor-de-rosa, morna. Ela higieniza a pele com um tónico, põe pó de talco, barra
cuidadosamente a parte de cima do escroto, enquanto pede para ele segurar o
pénis. Ele começa a sentir o pénis crescer-lhe na mão, num misto surpresa e
pavor. Ela tranquiliza-o, diz que é normal, que assim que ela começar a
"tortura", ele volta a acalmar. E é verdade. Ela estica-lhe a pele,
aplica a cera e quando puxa, parece que estão a esfolá-lo vivo. Ele dá um grito
de dor agudo e as lágrimas vêm-lhe aos olhos.
Ela
tem qualquer coisa de sado-maso. Sabe que a dor intensifica o prazer. Goza com
as expressões que produz nos seus clientes, fá-lo para dentro, pois por fora
mantém a sua postura profissional. Sabe o prazer que uma depilação bem feita
oferece a quem a faz e a quem pode gozar dessa maciez, da carne tenra que
desliza e fica mais sensível ao toque.
Usa
gelo para acalmar a pele sensibilizada, e espera o tempo que for preciso até
ele estar preparado antes de aplicar outra camada de cera ao lado. Ele tem um
pénis bonito, quase tão bonito como do seu companheiro, repara ela. "A
mulher dele tem sorte, se o souber desfrutar bem, deve ser maravilhoso",
pensa ela, e começa a sentir-se corar. Ela pede desculpa pelo calor que está na
sala, o ar condicionado avariou-se e apenas uma ventoinha arrefece o ambiente.
Ele repara no corpo dela. Que má altura para reparar nisso. Ela é pequena, tem
curvas interessantes. Veste apenas uma bata branca de manga à cava traçada à
frente. Quando ela se inclina sobre ele, consegue ver-lhe os seios a quererem
saltar fora do soutien e isso causa-lhe outra erecção. A parte mais difícil já
está, ela pergunta-lhe se ele quer fazer as virilhas e as nádegas. Ele
assusta-se um pouco com a ideia. Mais uma vez, ela fala-lhe das vantagens. Ele
começa a imaginar a língua da sua mulher a passear-se pelos seus recantos mais
escondidos e a ideia agrada-lhe. Ela diz-lhe que o que custa mais já está e ele
acede. Mas não é fácil suportar a dor. Ele grita e ela vai dando palmadinhas na
pele, passando gelo e creme hidratante de chocolate nas partes mais sensíveis.
Começa
a surgir entre eles uma grande intimidade, devido àquela exposição dele, devido
às palavras que vão sendo ditas por ela que expõem os seus pensamentos, a sua
maneira de ser. Ela tenta falar de assuntos agradáveis, tenta desviar-lhe a atenção
para coisas boas.
-
Então e a sua esposa, faz depilação nos genitais? – Pergunta ela. Ele diz que
sim, mas nunca lhe perguntou onde ou como. Ela encara a resposta como uma forma
de evitar o assunto. Se calhar não quer que a mulher conheça quem lhe conhece
tão bem o corpo. Ele imagina um homem a depilar a sua mulher e não acha piada,
prefere mesmo não saber quem o faz. Ela imagina encontrar-se com a esposa dele.
Começa a pensar que gostava de a conhecer, gostava de a depilar. Gostava de a
ouvir gritar. Não só de dor como também de prazer. Gostava de poder observar
como se comportariam os dois, quando fossem descobrir o corpo dele depilado. E
estes pensamentos fazem-na humedecer. Nunca tinha tido este tipo de pensamentos
com mais nenhum cliente. Os seus clientes eram quase todos jovens, atléticos,
com corpos bonitos, musculados. No entanto, era um sujeito absolutamente comum
que a excitava. Talvez fosse porque apesar de toda aquela exposição física, ele
continuava a ser um mistério para ela. Não se expunha mais do que o necessário,
não falava sobre a sua vida como os outros, sugeria apenas e isso deixava-lhe
espaço para imaginar. Talvez fosse por isso.
-
Bem, agora só faltava mesmo depilar as pernas. – Diz ela. Ele faz um ar de
susto que a enternece.
-
Enquanto não me vir sem pêlo nenhum não descansa, não é? – Diz ele já com um
sorriso.
-
Não, cabelo, sobrancelhas e pestanas gosto de ver e fazem falta! – Remata ela.
- Também podemos deixar para outro dia, mas logo quando chegar ao pé da sua
esposa com as pernas por depilar, vai parecer que não fiz o meu trabalho como
deve ser.
-
A minha mulher não está cá esta semana, por isso vou aproveitar para fazer isto
com calma, por hoje chega.
Alberto
vai para casa e não deixa de apreciar no duche a sua pele ainda dorida, mas
completamente lisa e macia. O gel escorrega, faz menos espuma, mas sabe bem nas
mãos. Ele acaricia as virilhas, o escroto depilado, as nádegas e pensa na sua
mulher, no gozo que foi sentir o toque dela, a língua e os dentes no seu peito,
as espirais de prazer de volta do seu umbigo, sensações que nunca tinha tido
daquela forma. Pensa também na rapariga da clínica, no seu belo par de seios,
como gostava de os sentir em redor do seu mastro… as duas a beijarem-se e a
beijarem o seu sexo com avidez, a lamberem-lhe o escroto macio… até se vir numa
sucessão de espasmos. O sémen mistura-se com a espuma do gel duche e ele acorda
do sonho.
Quando
chega a casa, Carla fala ao companheiro sobre a depilação que fez e telefona a
marcar a depilação das pernas. Carla fica contente quando o vê, gosta da ideia
dele se tornar um cliente habitual.
Para
quem já depilou o corpo todo, as pernas não custam nada. Conseguem assim ter
uma conversa muito agradável e descontraída. "ele tem umas pernas bem
feitas, quase tão bem feitas como as do meu homem", pensa ela. Falam sobre
massagens. Ela tem formação em shiatsu. Ele revela-lhe o desejo de aprender a
fazer massagens… sensuais. Ela acha piada ao tipo de linguagem que ele usa,
sempre muito correcto, algo envergonhado. Sugere-lhe um centro onde pode
aprender algumas técnicas.
Ele
agradece todo o trabalho e todas as horas passadas a trabalhar nele e
despede-se com dois beijinhos, permitindo a ambos aspirarem um pouco o perfume
que se desprende dos seus corpos, o que lhes provoca algum desconcerto.
Ela
sente-se bem por gostarem do seu trabalho, sente-se ainda melhor por ser ele a
dizê-lo.
Algo
está a mudar nela. Começa a achar-se mais bonita. Nada mudou fisicamente, mas a
forma como ela se vê é completamente diferente. O seu apetite sexual é
devorador, o companheiro até estranha, mas gosta. Ela dedica-se a satisfazê-lo
com um fogo nunca visto e tem mais prazer que nunca. Começa a ansiar pelo
regresso daquele homem que, sem saber, despertou o instinto sexual dela.
Alberto
volta algum tempo depois à clínica. Diz que a esposa adorou e ele também, mas
que não se quer submeter todos os meses àquela tortura. Vem com a ideia de
fazer depilação definitiva nos genitais, e enfraquecer um pouco os pêlos no
resto do corpo.
Na
consulta, ele pergunta-lhe se ela alguma vez fez aquele tipo de depilação.
-
Sim, tenho habilitações para o fazer – diz ela.
-
Pergunto se a fez pessoalmente... se recomenda...
-
Em mim? - Sentiu-se corar. Os olhos dele olhavam dentro dos seus e aquela
conversa estava a perturbá-la.
-
Sim. Fica impecável e nunca mais dá trabalho nenhum… Quer ver?
Não
pensou. As palavras saíram-lhe da boca como se tivessem sido proferidas por
outra pessoa e agora estava num impasse. O que iria ele pensar? O tempo que ele
levou a reagir pareceu uma eternidade.
Estava
completamente siderado com a possibilidade que se tinha permitido imaginar, mas
que poderia agora concretizar-se. Respondeu com um aceno lento afirmativo, mais
com os olhos que com a cabeça. Não queria acreditar naquela cena surreal.
Há
pessoas que conseguem o que querem sem ter de o pedir. Puro charme. Seria ele
capaz?
Ela
levanta-se, e com toda a calma faz as calças e as cuecas deslizarem para baixo
dos joelhos. Senta-se no rebordo da cadeira e abre as pernas.
Ele
levanta-se e debruça-se sobre a secretária. Parece um miúdo a observar o sexo
oposto pela primeira vez. Mas a verdade é que tem uma visão magnífica à sua
frente. Já tinha visto muitas fotos de vulvas depiladas, mas aquela estava ali,
ao pé dele, a respirar o mesmo ar. Sorria para ele, com os grandes lábios
inchados, mostrando o interior cor-de-rosa húmido, como uma flor orvalhada que
se adivinhava quente e aconchegante.
Depois
vira-se de costas, põe um joelho na cadeira e revela as nádegas. Inclina-se um
pouco sobre a cadeira mostrando outra perspectiva do seu íntimo.
Ele
engole em seco. O seu pénis papita por debaixo da roupa. Se aquela secretária
não estivesse no caminho, teria resistido à tentação de lhe tocar? O sexo
estava tão teso que lhe doía.
Ela
puxa as calças num impulso. O olhar dele queima. Ela sente dificuldade em
respirar, sente que foi longe demais.
O
telefone toca e alivia a tensão que se acumulou na sala. Ele aproveita para
sair dali com um "volto já". Vai direito à casa de banho, aliviar com
urgência a tesão provocada por aquele vislumbre. Já tinha visto e tocado e
saboreado a sua mulher assim. Mas o inusitado da situação deixou-o
completamente louco.
Ela
caiu em si e não sabia se havia de rir ou chorar. O que é que lhe teria passado
pela cabeça? Tinha de lhe pedir desculpas.
Passado
algum tempo, ele volta à sala. Ela desmancha-se em desculpas, que foi uma
enorme falta de profissionalismo, que não sabe o que lhe deu, que vai pedir a
uma colega que a substitua na consulta. Ele permaneceu calado a ouvi-la. Quando
ela ia pegar no telefone para chamar a colega, ele não deixou.
-
Não é necessário. Eu confio no seu trabalho. Vou ter de ir agora, mas depois
telefono a marcar, ok?
Ela
assentiu. Realmente não se estava a sentir com coragem para lhe tocar. Mesmo
assim, ele voltou a dar-lhe dois beijos, um pouco mais demorados que da última
vez.
Durante
algum tempo, ele não conseguiu tirar aquela cena da cabeça. Fechava os olhos e
ela aparecia. Decidiu que tinha de se disciplinar, ocupar a cabeça com algo
mais produtivo e embrenhou-se nos manuais técnicos que tinha de supervisionar.
Ela
não era tão disciplinada, e demorou muito mais tempo a conseguir concentrar-se
no trabalho. À noite, quando chegou a casa, devorou literalmente o companheiro,
com uma fome insaciável. Até acalmar. Andou pensativa uns dias, até decidir
contar ao parceiro o que se passou. Ele mostra-se indignado no início, depois
ri-se.
-
Isso parece coisa de putos!
Ela
fica envergonhada, mas confessa que o cliente lhe deu imenso tesão, que ela se
encarregou de descarregar nele e pede-lhe desculpa. Ele fica com vontade de o
conhecer.
-
Não queres convidá-lo para vir cá a casa um dia destes? – A pergunta deixa-a
espantada.
-
Não, claro que não. Ele não aceitaria, não depois do que se passou. Além disso,
ele é casado.
-
Então, convida também a mulher. Ele sabe que és comprometida? – Ela continua
surpresa com a atitude do companheiro. Por um lado, quer manter uma relação
estritamente profissional com o cliente, por outro, sabe que já ultrapassou
essa fase.
-
Não, não o vou convidar. Confesso que tenho alguma vontade de o fazer, mas não
me parece que ele o queira.
-
Aposto que viria se eu não existisse.
-
Eu não teria tanta certeza assim.
Nada
melhor para combater divergências do que dialogar com o corpo todo. Estes dois
dedicam uma boa parte do tempo que estão juntos a fazê-lo. E conseguem sempre chegar
a um consenso…
Já
Alberto é muito mais reservado. Nada do que se passou na clínica é discutido
com alguém, muito menos com a sua esposa. Se ela fizesse ideia do que se tinha
passado, sabe-se lá o que faria. Os dois entendem-se bem a todos os níveis, têm
uma excelente relação, não será qualquer vulva que abalará isso.
O
tempo vai passando e Alberto embrenha-se cada vez mais no trabalho, nuns
quantos projectos pessoais, na família e deixa de aparecer na clínica. Sente
algum carinho e simpatia pela rapariga e quer ao máximo evitar confusões. Carla
bem que gostava de falar com ele, mas começa a mentalizar-se que é melhor
assim, sabe-se lá o que é que poderia acontecer da próxima vez que estivesse
com ele. Agora sorri quando se lembra do que se passou e suspira. Vai custar a
passar aquele entusiasmo, aquela saudade, mas é mesmo assim. A vida continua…
Manuel
Mann é escritor,
editor
de CACILDA!,
putanheiro
de responsa
e
tarado profissional.
Escreve
sobre mulheres e comida.
Este
é sua primeira colaboração
na
área da ficção.
LEITURA
DE BANHEIRO
dá
a ele as boas-vindas
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