Wednesday, December 26, 2018

GELO ESCALDANTE (uma leitura de banheiro de Manuel Mann)



Mais um fim-de-semana de trabalho intensivo. Já faltou mais para terminar o curso e desaparecer de vez... O laço aperta-me o pescoço, incomoda-me hoje mais do que o costume, é um eufemismo para forca. O calor é insuportável, o ar condicionado no máximo não dá conta do recado. Vou enchendo o balde de gelo com vontade de me enfiar na arca, enquanto a chefe me grita ao ouvido que o gelo já devia estar no copo do senhor da mesa 9 há 3 minutos. Pego na toalha, respiro fundo e preparo-me para aturar mais um cliente insatisfeito pronto a descarregar o seu mau humor de pessoa frustrada em cima de mim. Mas não foi isso que aconteceu. Assim que saí a porta de serviço, ela estava a levantar-se da mesa. Não era muito alta, mesmo com os saltos, mas sobressaía no seu vestido vermelho escuro simples, colado ao corpo, onde transpareciam algumas curvas apetitosas. A melhor parte deste trabalho é isto: poder servi-las, aspirando os seus perfumes e espreitando os seus decotes. Estamos sempre a competir por mesas destas e deixamos as mulheres servir as mesas dos homens que elas acham piada. Isto quando a chefe nos deixa fazer esta gestão, claro, e não estão homens e mulheres interessantes na mesma mesa, caso em que temos de tirar à sorte ou tentamos servi-los à vez. 

Mas esta mulher de vermelho... pele clara, cabelo escuro, curto, impecavelmente penteado e brilhante, colado ao crânio. Uns lábios vermelhos de cereja e uns olhos... ela olha directamente para mim enquanto me aproximo e o calor aperta. Ela diz "Que calor!" com uma voz tão quente que eu sinto o gelo a derreter mais depressa. Nisto, desata um laço na parte detrás do pescoço e o vestido desliza rapidamente, descobrindo-lhe o corpo por completo, caindo aos seus pés e revelando a sua total nudez. Tem a atitude das ninfas do Manara e algumas curvas da Druuna do Serpieri, um pouco menos sumptuosa, mas equilibrada. Eu paralizo, e perante o meu espanto, ela aproxima-se mais, olhando para o balde que trago nas mãos, e retira lá de dentro dois cilindros. Sorri, e com a outra mão disponível, faz-me subir o queixo que entretanto tinha caído, e pisca-me o olho, voltando costas. Começo a ver as nádegas dela a bambolear lentamente enquanto se afasta um pouco e vai passando o gelo pela face, pelo pescoço, pelas axilas e depois pára. Encosta-se à parede e faz o gelo deslizar pelo peito, endurecendo-o, despertando os mamilos. Vai arredondando as arestas dos cilindros gelados, que passam do estado sólido a líquido ao contacto com a pele escaldante, deixando um rasto de pequenas gotas que vão escorrendo e pingando. Desce pelo centro até ao umbigo, e por lá se detém um pouco, a arrefecer o ventre.



Sinto o sangue a descer vertiginosamente, reparo que estou completamente em pé, e isso nota-se bem nas minhas calças, mas nem vale a pena disfarçar porque ninguém está a olhar para mim, está tudo de boca aberta a olhar para ela, a tapar os olhos às criancinhas. Sinto o suor a escorrer e só me apetece enfiar o balde de gelo pela cabeça abaixo. Ela desce as mãos pelo corpo, esfrega o gelo pelo interior das coxas, pelas virilhas e pelo rego das nádegas, e em gestos coordenados e simultâneos, faz desaparecer o gelo dentro dela. Aquilo deve ter-lhe provocado imenso prazer, porque pouco depois o seu corpo estremece todo por entre gemidos, o peito sobre e desce rapidamente devido à respiração acelerada, ela fecha os olhos e abre a boca, soltando um grito desalmado e o som ecoa na minha cabeça e faz-me querer ainda mais penetrá-la e ajudá-la a derreter o gelo. 

Escorre-lhe algum líquido por entre as pernas, o único vestígio da água que já foi gelada e agora é quente.

Acordo encharcado em suor e esperma. Foda-se, devia ter percebido que era bom demais para ser verdade... mas mesmo assim, foi bastante real! 




Manuel Mann é escritor,
editor de CACILDA!,
putanheiro de responsa
e tarado profissional.
Escreve sobre mulheres e comida.
Este é sua primeira colaboração
na área da ficção.
LEITURA DE BANHEIRO
dá a ele as boas-vindas






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