O
grande diretor de cinema Louis Malle dizia que Julianne Moore tinha o mesmo
appeal magnético de Jeanne Moreau. Já o grande diretor de teatro André Gregory
dizia que ela sua interpretação tem a mesma sensualidade e a mesma urgência de
Joan Crawford. Ralph Finnes não poupa elogios a seu talento e profissionalismo,
e disse certa vez no programa de TV "Inside The Actors Studio" que
Julianne foi a parceira mais espirituosa e divertida com quem ele contracenou
no cinema, e que adoraria voltar ser escalado a trabalhar com ela assim que
fosse possível. Julianne Moore é uma das pouquíssimas unanimidades de
Hollywood. Consegue ser uma estrela tanto na cena do cinema independente quanto
no cinema mainstream. Soube priviligiar ao longo de sua carreira convites de
grandes realizadores com uma pegada mais autoral -- como os irmãos Coen e Tom
Ford, para citar dois exemplos -- com propostas para atuar em produções
voltadas ao grande público -- como a série de filmes "Jogos Vorazes",
da qual faz parte do elenco. Os frutos disso ela colhe agora, merecidamente.
Julianne
Moore nasceu Julie Anne Smith; em Fort, na Carolina do Norte, no dia 3 de
dezembro de 1960, filha de um militar e de uma assistente social, e teve uma
infância e adolescência bem equilibradas -- até porque seu pai não era um
militar austero, como na maioria dos casos, e sua mãe não era permissiva
demais. Esse equilíbrio permitiu a Julianne descobrir o teatro com uma certa
tranquilidade ainda na High School, para mais tarde seguir sua formação na
Boston University. Foi uma ruivinha linda e encantadora desde muito pequena, e
permanece assim até hoje. Começou sua carreira fazendo pequenos papéis em shows
de TV. De 1985 a 1988, fez parte do elenco de uma novela vespertina horrenda
intitulada "As The World Turns". Mesmo assim, conseguiu se sobressair
no elenco da produção e acabou ganhando um Emmy por sua atuação naquele
abacaxi. Por pior que fosse aquilo tudo, o prêmio acabou facilitando seu acesso
a produções melhores na TV e, finalmente, ao cinema. Sua estreia no cinema aconteceu
em "Tales from the Darkside: The Movie" (1990), e quase ninguém
percebeu. Mas logo a seguir ela já conseguiu papéis pequenos - como o da
corretora de imóveis no thriller de Barbet Schroeder "A Mão Que Balança O
Berço" (1992) e como a pintora na comédia dramática de Robert Altman
"Short Cuts - Cenas da Vida" (1993). Em pouco tempo, todos
descobriram o potencial enorme que ela iria nos oferecer nos anos seguintes. Passou
mais uns bons anos brilhando em pepéis como coadjuvante até conseguir se
estabelecer como protagonista até ser chamada por Paul Thomas Anderson para
fazer "Boogie Nights" (1997), sobre a cena pornô de Los Angeles dos
Anos 70, onde ela faz uma estrela pornô amargurada que engata um filme após o
outro, sempre movida por álcool e cocaína. Logo depois desse filme, ela
finalmente estreou como protagonista na belíssima adaptação de Neil Jordan para
o romance de Graham Greene "Fim de Caso" (1998), onde ela contracena
com Ralph Finnes. E então começou a ser indicada constantemente para prêmios, e
aparentemente seria apenas uma questão de (pouco) tempo até ela começar a levar
para casa Oscars, Baftas, Golden Globes e Palmas de Ouro aos montes. Estranhamente
isso não aconteceu. Julianne passou a colecionar indicações aos montes, mas
estatueta que é bom... nada! Aclamada pela crítica, que a premiou diversas
vezes, Julianne Moore passou nada menos que 15 anos sendo indicada todos os
anos ao Golden Globe e ao Oscar mas voltando para casa com as mãos vazias. Até
que em 2015 ela finalmente conseguiu. Foi pelo filme "Still Alice",
onde ela interpreta a mais difícil das mulheres emocionalmente perturbadas que
ele se especializou em fazer. Levou prêmios de baciada naquele ano: Oscar de
melhor atriz, Golden Globe de melhor atriz dramática, além do SAG, do BAFTA e do
Independent Spirit Awards de melhor atriz em cinema. Sem contar que é a feliz
proprietária de uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood. (Chico
Marques)
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