Friday, December 21, 2018

JULIANNE MOORE: UMA ATRIZ CLÁSSICA E VERSÁTIL, NUMA ÉPOCA EM QUE ATRIZES ASSIM PARECIAM NÃO EXISTIR MAIS








O grande diretor de cinema Louis Malle dizia que Julianne Moore tinha o mesmo appeal magnético de Jeanne Moreau. Já o grande diretor de teatro André Gregory dizia que ela sua interpretação tem a mesma sensualidade e a mesma urgência de Joan Crawford. Ralph Finnes não poupa elogios a seu talento e profissionalismo, e disse certa vez no programa de TV "Inside The Actors Studio" que Julianne foi a parceira mais espirituosa e divertida com quem ele contracenou no cinema, e que adoraria voltar ser escalado a trabalhar com ela assim que fosse possível. Julianne Moore é uma das pouquíssimas unanimidades de Hollywood. Consegue ser uma estrela tanto na cena do cinema independente quanto no cinema mainstream. Soube priviligiar ao longo de sua carreira convites de grandes realizadores com uma pegada mais autoral -- como os irmãos Coen e Tom Ford, para citar dois exemplos -- com propostas para atuar em produções voltadas ao grande público -- como a série de filmes "Jogos Vorazes", da qual faz parte do elenco. Os frutos disso ela colhe agora, merecidamente.

Julianne Moore nasceu Julie Anne Smith; em Fort, na Carolina do Norte, no dia 3 de dezembro de 1960, filha de um militar e de uma assistente social, e teve uma infância e adolescência bem equilibradas -- até porque seu pai não era um militar austero, como na maioria dos casos, e sua mãe não era permissiva demais. Esse equilíbrio permitiu a Julianne descobrir o teatro com uma certa tranquilidade ainda na High School, para mais tarde seguir sua formação na Boston University. Foi uma ruivinha linda e encantadora desde muito pequena, e permanece assim até hoje. Começou sua carreira fazendo pequenos papéis em shows de TV. De 1985 a 1988, fez parte do elenco de uma novela vespertina horrenda intitulada "As The World Turns". Mesmo assim, conseguiu se sobressair no elenco da produção e acabou ganhando um Emmy por sua atuação naquele abacaxi. Por pior que fosse aquilo tudo, o prêmio acabou facilitando seu acesso a produções melhores na TV e, finalmente, ao cinema. Sua estreia no cinema aconteceu em "Tales from the Darkside: The Movie" (1990), e quase ninguém percebeu. Mas logo a seguir ela já conseguiu papéis pequenos - como o da corretora de imóveis no thriller de Barbet Schroeder "A Mão Que Balança O Berço" (1992) e como a pintora na comédia dramática de Robert Altman "Short Cuts - Cenas da Vida" (1993). Em pouco tempo, todos descobriram o potencial enorme que ela iria nos oferecer nos anos seguintes. Passou mais uns bons anos brilhando em pepéis como coadjuvante até conseguir se estabelecer como protagonista até ser chamada por Paul Thomas Anderson para fazer "Boogie Nights" (1997), sobre a cena pornô de Los Angeles dos Anos 70, onde ela faz uma estrela pornô amargurada que engata um filme após o outro, sempre movida por álcool e cocaína. Logo depois desse filme, ela finalmente estreou como protagonista na belíssima adaptação de Neil Jordan para o romance de Graham Greene "Fim de Caso" (1998), onde ela contracena com Ralph Finnes. E então começou a ser indicada constantemente para prêmios, e aparentemente seria apenas uma questão de (pouco) tempo até ela começar a levar para casa Oscars, Baftas, Golden Globes e Palmas de Ouro aos montes. Estranhamente isso não aconteceu. Julianne passou a colecionar indicações aos montes, mas estatueta que é bom... nada! Aclamada pela crítica, que a premiou diversas vezes, Julianne Moore passou nada menos que 15 anos sendo indicada todos os anos ao Golden Globe e ao Oscar mas voltando para casa com as mãos vazias. Até que em 2015 ela finalmente conseguiu. Foi pelo filme "Still Alice", onde ela interpreta a mais difícil das mulheres emocionalmente perturbadas que ele se especializou em fazer. Levou prêmios de baciada naquele ano: Oscar de melhor atriz, Golden Globe de melhor atriz dramática, além do SAG, do BAFTA e do Independent Spirit Awards de melhor atriz em cinema. Sem contar que é a feliz proprietária de uma estrela na Calçada da Fama em Hollywood. (Chico Marques)







No comments:

Post a Comment