Tem
gente que acha que foi Serge Gainsbourg quem inventou Jane Birkin. É um grande
engano. Essa inglesa linda e franzina de nome Jane Mallory Birkin, nascida no
elegante bairro londrino de Marylebone, já tinha um currículo considerável como
modelo e como atriz antes de seu destino se cruzar com o de Gainsbourg -- com
quem trabalhou, viveu e teve uma filha: a também atriz e também cantora
Charlotte Gainsbourg. Antes de “virar francesa”, Jane havia sido casada com o
maestro John Barry, autor das trilhas de James Bond, e seu rosto já era
conhecido de filmes icônicos como “Blow-Up”, de Michelangelo Antonioni, e “A
Piscina”, de Jacques Deray. Sua participação no diálogo amoroso do clássico
single “Je T’Aime... Moi Non Plus” –- escrito para, e gravado originalmente por
Brigitte Bardot, mas nunca lançado comercialmente -– é um dos momentos mais
marcantes da música popular mundial dos Anos 70. A voz de Jane Birkin -- um
"miado" para uns, um "sussurro sensual" para outros – mudou
o jeito de cantar na França, e pessoas que antes jamais teriam coragem de se
aventurar como cantores passaram a encarar a aventura sem sustos. Jane Birkin
se alterna, desde então, entre o cinema e a música. Já participou de mais de 80
filmes e gravou mais de 20 LPs. Sem contar que, desde 1985, ela vem se
dedicando também ao teatro, atuando em peças de Marivaux, Eurípedes e
Shakespeare, e até esteve aqui no SESC-Pinheiros ano retrasado com um de seus
projetos teatrais. Desde a morte de Serge Gainsbourg, Jane e sua filha
Charlotte assumiram a responsabilidade de não deixar apagar a memória deste
grande artista e viraram guardiãs de sua obra. Já recebeu um prêmio como
cantora nos Victoires de La Musique, e como atriz coleciona vários Prêmios
Molière e vários Prêmios César. Dois detalhes curiosos: Jane é descendente do
Rei Carlos II da Inglaterra, e é prima do grande filósofo inglês Bertrand
Russell. Curiosamente, nada disso a impediu de se desgarrar e adotar a
nacionalidade francesa. Não é mais, obviamente, a belíssima mulher que foi nos
Anos 60, 70 e 80. Mas se você olhar com cuidado no rosto de Jane Birkin, aquela
menina linda ainda está lá, escondida por trás de suas muitas rugas, de seus
olhos azuis e de sua pele alva. Uma mulher magnífica. (Chico Marques)
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