Katia D'Angelo nasceu em 12 de dezembro de 1951, numa Copacabana idílica que não existe mais há muito tempo.
Foi criada entre os livros da bem fornida biblioteca de seu pai, que era jornalista, e estudou no Colégio Anglo-Americano, frequentado pela elite cultural carioca.
Desde jovem se enturmou entre a nata da boemia intelectual carioca.
Mas foi mãe aos 16 anos de idade, e isso, de alguma maneira, interrompeu um processo de descoberta pessoal que ela estava vivendo, e a obrigou a encarar a vida de forma mais prática e ir trabalhar para segurar a onda em casa.
Só aos 23 anos tomou coragem para largar seu emprego como instrumentadora cirúrgica na clínica de Ivo Pitanguy -- que bem ou mal lhe garantia alguma independência pessoal -- para estrear como atriz na TV Globo fazendo um pequeno papel na novela "Supermanoela".
Até então, sua experiência como atriz se limitava a uma peça infantil que havia feito um ano antes -- mas mesmo assim ela correu atrás, estudou artes cênicas, fez o diabo para não fazer feio diante das câmeras, e encarou todos os desafios que surgiram à sua frente com um sorriso aberto.
Com certeza, o sorriso mais lindo e cativante de todo o Rio de Janeiro na primeira metade dos anos 70.
De 1974 até o final dos anos 70, a carreira de Katia d’Angelo seguiu de vento em popa.
Engatava um trabalho no outro, e conseguia compatibilizar cinema, TV e teatro com uma habilidade rara, como se o mundo fosse acabar amanhã.
Aos poucos, os frutos começaram a chegar:
Em 1977, ganhou o Kikito de Melhor Atriz em Gramado pelo filme "Barra Pesada", de Reginaldo Farias.
No ano seguinte ganhou mais prêmios por "O Caso Claudia", filme baseado no caso Claudia Lessin Rodrigues.
Na TV Globo, estava cada vez mais prestigiada, e faltava pouco para ganhar um papel como protagonista.
Seu prestígio era tamanho que quando sentiu que estava esgotada e pediu férias para Boni, ganhou dele uma viagem para a Europa, com escalas em oito países.
Era a realização de um sonho. Kátia estava literalmente em outro mundo, totalmente imersa num banho de cultura.
De temperamento livre, intenso e apaixonado, Kátia nem pensava em voltar -- e a viagem que deveria durar dois meses, acabou durando quase um ano.
Boni chegou a ligar para ela, pedindo que retornasse imediatamente, pois ele a queria na novela das 7.
Namoradeira, teve 4 casamentos -- dois deles ilustres: com o grande cantor e compositor Guttemberg Guarabyra, com quem tem um filho, e com o magnífico guitarrista Victor Biglione.
“Não posso com homens cabeludos e inteligentes, me apaixono. Meus ex-maridos são todos um tesão, todos lindos. Casaria com todos eles de novo. Eu e eles somos todos uma grande família. Costumo dizer que são quatro maridos e um funeral, pois o Ronald já faleceu.”
Mas a vida alegre e namoradeira de Katia d’Angelo ganhou contornos bastante sombrios vinte anos atrás, quando seu filho Ronny, que sofria de transtorno bipolar, foi brutalmente assassinado.
A partir daí, ela começou a não ter cabeça para trabalhar em TV e assumir compromissos. Com o apoio de algumas amigas, passou a dar aulas de artes cênicas. Taís Araújo e Natália Lage estão entre as suas ex-alunas.
Com o tempo, Kátia foi recuperando sua energia vital, e retomando sua vida profissional.
Mas então, cinco anos atrás, sua vida sofreu outro revés: a Prefeitura do Rio alegou que sua casa de 400 m2 na Lagoa de Marapendi, na Barra da Tijuca, havia sido construída em área de reserva ambiental, e a demoliu.
Desde então, Katia vive em Paraty, em uma casa à beira de um rio, e está tratando de se reinventar por lá. Como talentos não lhe faltam, presume-se que novas oportunidades devam surgir em breve.
Enquanto isso não acontece, Kátia segue respirando o ar cultural da velha cidade, passeando de bicicleta e vivendo uma vida bem simples e em contato com a natureza.
Apesar de estar solteira no momento, faz questão de dizer que ainda não fechou o livro.
“O problema é que eu adoro gente e, ao mesmo tempo, odeio. Minha tolerância para burrice é zero. Sei que sou complicada, mas procuro estar feliz. Acho que a receita básica é não carregar as dores. Minha avó judia me ensinou a gravar na retina só as coisas boas e bonitas. Hoje, me sinto como se tivesse voltado para a redoma em que fui criada”
“O meio artístico me ensinou muita coisa boa e muita ruim, mas acredito que nunca tive que me submeter a nada. Encarei meus patrões de frente e hoje me sinto muito digna”
Kátia era uma delícia de ver na TV e no Cinema.
Rostinho lindo, jeito delicado, sotaque carioca bem manhoso e um corpo arrebatador.
Um belo dia, em 1979, Kátia aceitou posar nua para a PLAYBOY brasileira, e, com isso, entrou pela porta da frente no Panteão das Musas Absolutas da Teledramaturgia Brasileira.
Ao longo de pelo menos aquele mês em que as fotos foram publicadas, quase toda a nossa população masculina -- e parte significativa da feminina também -- mal olhava para as fotos de Kátia na revista e já começava a rezar para Onan.
Lamentavelmente, nunca houve um segundo ensaio de Katia d’Angelo -- nem na PLAYBOY, nem em qualquer outra revista masculina.
Esse ensaio clássico que apresentamos logo abaixo é, portanto, filho único. (Chico Marques)
1975 A Extorsão
1975 Maníacos Eróticos
1975 Deliciosas Traições do Amor
1975 Ana, a Libertina
1976 As Granfinas e o Camelô
1976 O Vampiro de Copacabana
1976 Marília e Marina
1977 Gente Fina É Outra Coisa
1977 Quem Matou Pacífico?
1977 Barra Pesada
1978 Rastro de Sangue
1979 O Caso Cláudia
1979 Os Trombadinhas
1980 La Conquista del Paraíso
1986 Fulaninha
1996 O Lado Certo da Vida Errada
2005 Bela Noite para Voar
1974 O Espigão
1974 Supermanoela
1975 Escalada
1976 Anjo Mau
1976 Chico City
1977 Despedida de Casado
1977 Nina
1978 Pecado Rasgado
1979 Carga Pesada: Adeus, Dequinha
1980 As Três Marias
1980 O Bem Amado: A Manifestança Beijoquista
1981 O Amor é Nosso
1982 Caso Verdade: A Última Gota
1981 Sítio do Picapau Amarelo: Ali Babá, Emília e os Quarenta Ladrões
1985 Uma Esperança no Ar
1990 Teletema: Quem Fica em Casa é Caramujo
1990 Pantanal
2010 Ti Ti Ti
...valeu!!!!!!!maravilhoso flash back com a saudosa katia d'angelo. uma das mais deliciosas musas dos meus vinte anos.
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