CANDICE
BERGEN – ENTREVISTA
(por
Kathryn Shattuck para The New York Times – 23-05-2015)
"Talvez
seja chocante para uma atriz admitir que está acima do peso", disse
Candice Bergen sobre a reação dos tabloides a "A Fine Romance" [Um
Belo Romance], sua nova memória em que ela escreve que está gorda e realmente
não se importa.
O
que a deixa perplexa é que, das 350 páginas, seja o capítulo 30 -("Eu
vivia para comer", escreve ela. "Nenhum carboidrato é seguro -e
nenhuma gordura tampouco.")- o que mais chamou a atenção.
Bergen
está à vontade com os 13 quilos que ganhou. Mas, "não vou ser a santa
padroeira dos comilões, fique sabendo", disse ela. "Eu traço o
limite."
O físico de Bergen é a parte menos interessante
da autobiografia, em que ela mistura 35 anos de casos amorosos -com seu
primeiro marido, o diretor francês Louis Malle; sua filha, Chloe; e seu segundo
marido, o empresário dos imóveis Marshall Rose. Ela também explica a paixão dos
Estados Unidos pelo programa de televisão "Murphy Brown", que
estrelou durante dez anos como uma repórter de TV durona.
Mas
a história realmente começa em 27 de setembro de 1980, quando Bergen, que levou
sua mistura embriagante de calor da Califórnia com frieza escandinava para
"O Grupo", de Sidney Lumet, e "Ânsia de Amar", de Mike
Nichols, casou-se com Malle, o autor de "Meu Jantar com André" e
"Adeus, Meninos", em Le Coual, a casa dele na França.
Era
o segundo casamento do diretor e o primeiro da atriz. "Nós dois achamos que
era um milagre", escreveu ela.
Eles
se encontraram socialmente durante quatro anos. Então Malle telefonou para
Bergen de Toronto e a convidou para almoçar em Nova York. Após quatro horas de
encontro, eles estavam mutuamente fascinados.
Duas
semanas depois, foram assistir "Manon Lescaut", a ópera de Puccini
sobre uma bela fatal dividida entre o amor e o dinheiro. "Naquela noite eu
escrevi em meu diário: 'Xi...'", lembra Bergen. "Estávamos
entendidos. Nós sabíamos o que havia ali."
Ela
estava com 34 anos e ele com 47 quando trocaram os votos. Nos cinco anos
seguintes, o casal dividiu seu tempo entre Nova York, a França e as locações de
filmes, devorando óperas, museus e catedrais no que Bergen chamou de
"clínica cultural". Então duas mulheres interromperam seu sonho. A
primeira foi Chloe, nascida em 8 de novembro de 1985, quando Bergen tinha 39
anos. A segunda, nascida três anos depois, foi Murphy Brown.
Bergen
tinha 41 quando recebeu o script. O papel parecia criado especialmente para
ela.
"Bergen
não estava em nenhuma lista de atrizes para o papel", disse Diane English,
criadora de "Murphy Brown". "Mas assim que seu nome foi citado
eu pensei: 'Puxa, ela caberia muito bem, se quisesse fazer'."
No
piloto de novembro de 1988, Bergen cantou -com ousadia e fora do tom- com
Aretha Franklin em "(You Make Me Feel Like) A Natural Woman", e
nasceu um sucesso.
Então
o vice-presidente dos EUA Dan Quayle, em um discurso em 1992, repreendeu a
decisão de Murphy de ser uma mãe solteira e a acusou de zombar da importância
dos pais -colocando Murphy nas manchetes e deixando Bergen e English chocadas.
"É
como 'Você pode ter tudo. Bem, você não pode realmente. O preço é seu filho ou
seu emprego ou seu marido. Quando estavam escrevendo os scripts de Murphy, eu
lutei muito para que ela não parecesse alguém cujo filho é a segunda prioridade
em sua vida, depois da profissão."
Em
novembro de 1995, Malle morreu de um linfoma. Três anos depois, Bergen teve um
encontro às cegas com Rose, que ela descreveu como capaz de grandes
profundidades de amor e incapaz de desonestidade. Os dois se casaram em 2000.
Bergen
lutou para encontrar um final que pudesse fazer as paixões de sua vida fecharem
um círculo na página. Em julho ela voltará a Le Coual, na França, para ver
Chloe se casar com Graham Albert.
"Haverá
drinques no campo, jantar no jardim e dança no celeiro", disse ela.
"Eu vou espiar do canto por algum tempo."
Ela
não dança? "Oh, eu adoro dançar. Mas não quero incomodar as
crianças", disse, rindo.
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