Wednesday, May 15, 2019

JESSICA ALBA: UMA MODELO, ATRIZ E AGORA EMPRESÁRIA ABSOLUTAMENTE ENCANTADORA

























ENTREVISTA COM JESSICA ALBA
(Por Elaine Guerini - STATUS 05/08/2011)

Aos 18 anos, a beleza latina e a sexualidade explosiva de Jessica Alba impressionaram o diretor de “Avatar”, James Cameron, que a escolheu para ser estrela de tevê. Exibida de 2000 a 2002, a série de ação “Dark angel” foi uma das primeiras do gênero a conquistar o público e a crítica com uma mulher à frente do elenco. “Nós preparamos o terreno para ‘Alias’, com Jennifer Garner, que estourou depois”, afirma Jessica, hoje com 30 anos. O sucesso da personagem Max Guevara, uma heroína geneticamente modificada em laboratório, serviu de trampolim para o cinema, onde a atriz se destacou no filme “Sin city – a cidade do pecado” (2005) e na franquia “O quarteto fantástico” (2005 e 2007).

Filha de um mexicano, ex-oficial da Força Aérea americana, e de uma dona de casa descendente de franceses e dinamarqueses, Jessica sabe que Hollywood lhe abriu as portas por conta de seus predicados físicos. Mas a mulher de olhar meigo espera já ter provado que isso não a desqualifica como atriz. “Não há nada que eu possa fazer sobre a minha aparência. Meu pai sempre brinca que herdei os bons genes dele. O importante é o público e a indústria perceberem que não sou superficial”, diz Jessica, um dos destaques do elenco de “O assassino em mim”, lançamento exclusivo em DVD no Brasil. No drama, já nas lojas do País, ela interpreta uma prostituta que é espancada pelo amante (Casey Affleck) até ficar com o rosto desfigurado – a ponto de ser apelidada de “hambúrguer” no hospital. “Passei cinco horas na cadeira do maquiador para rodar a cena. Foi traumático olhar no espelho e me ver daquele jeito.” Leia a seguir os principais trechos da entrevista realizada em dois encontros com a reportagem da Status, um em Veneza e o outro em Nova York. O Brasil, ela diz que adoraria conhecer, mas ainda não teve oportunidade. “Pela minha herança latina, acho que vou gostar.”

Como avalia a sua trajetória na indústria do entretenimento, da heroína de série de ação ao papel de mulherão sexy?

Sempre me senti muito atraída por protagonistas femininas fortes e poderosas, como a de Sigourney Weaver em Alien – o oitavo passageiro, a de Linda Hamilton em O exterminador do futuro e a de Natalie Portman em “O profissional”, ainda que Natalie não passasse de uma garotinha, na época. Foi por causa dessas mulheres que eu quis ser atriz. Tenho muito orgulho por ter protagonizado Dark angel, que quebrou tabus na indústria. Até então as mulheres só tinham estrelado seriados de ação que não eram levados a sério, como Buffy e Xena. E também espero ter ajudado a quebrar alguns estereótipos, mostrando que as morenas de origem latina, como eu, podem fazer tudo o que as loiras fazem no cinema.

– E sobre ter conquistado o seu espaço nas telas com personagens de sexualidade explosiva, como as de “Sin city”, “Mergulho radical” (2005), “Machete” (2010), “Entrando numa fria maior ainda com a família” (2010) e no recente “O assassino em mim”? Neste último, sua personagem roda várias cenas de cama, nua.

– Como não sou exibicionista, nunca gostei de tirar a roupa no set. Só topo mostrar um pouco do corpo se a nudez for justificada no roteiro. Ainda assim, nunca é fácil. Geralmente, fico muito nervosa. Mas, em O assassino em mim, eu simplesmente não teria como viver uma prostituta sem tirar a roupa. Seria ridículo.
  
– É verdade que o papel mudou a sua visão sobre as prostitutas?

– Passei a entender melhor o que levou as mulheres da década de 1950, período em que o filme é ambientado, a escolher essa vida. Naquela época, as mulheres não tinham muitas opções, principalmente as mais independentes. Ou elas se casavam e se dedicavam ao marido e aos filhos ou não eram nada. Talvez a prostituição tenha sido uma maneira de algumas encontrarem a sua liberdade, não precisando de um homem para sustentá-las e dizer o que podiam e não podiam fazer. Admiro isso, ainda que elas tenham usado a sexualidade para conseguir a independência. Se pararmos para pensar, até hoje muitas mulheres usam a sua sexualidade para ser sustentadas por um homem.

– A primeira vez que a sua personagem apanha do amante, ela o encoraja a continuar. Como vê o sexo apimentado com umas palmadas?

– Ainda que as pessoas prefiram ver os relacionamentos amorosos saudáveis e agradáveis nas telas, muitas vezes não é assim na vida real. Há pessoas que só conseguem mostrar o seu amor pela outra através do sexo e da violência. E a pergunta é: o que pode esperar um casal que baseia toda a sua relação nesses dois aspectos? É por isso que acho a temática do filme importante. Ele trata desses amores de natureza obscura.

– Como reagiria, se um homem batesse em você?

– Eu bateria de volta (risos).

– É complicado fugir dos papéis que se apoiam na sua beleza?

– No início da minha carreira, o que mais me preocupava era conseguir um trabalho atrás do outro. Como queria me manter ocupada, não pensava muito no efeito que um determinado papel teria a longo prazo. Foi por isso que fiz alguns filmes sem profundidade, simplesmente aceitando os papéis que me ofereciam. Durante dez anos da minha vida, tudo o que fiz foi trabalhar. Mas isso mudou desde que engravidei da minha filha (Honor Marie Warren, de 2 anos, fruto do casamento com o produtor Cash Warren, que ela conheceu durante as filmagens de O quarteto fantástico, em 2005).

– Por quê?

– Quando parei de trabalhar, percebi como eu não valorizava a minha família, os meus amigos. E desde então tenho sido mais criteriosa na escolha dos papéis. Não vale a pena ficar isolada das pessoas que amo e longe da minha filha. A não ser que o papel seja muito interessante ou que eu tenha a oportunidade de trabalhar com os melhores do ramo. Nunca um papel me desafiou tanto quanto o de O assassino em mim.

– A ideia é atuar cada vez menos daqui para a frente?

– Talvez. Ainda quero evoluir como atriz e me desafiar artisticamente. A diferença é que não me incomodo mais em ficar sem trabalhar. Nunca fui muito deslumbrada com Hollywood e agora estou ainda mais pé no chão.

– Hollywood não é tudo aquilo então?

– Não é. Não sei por que as pessoas se apegam tanto ao glamour. Para mim, glamour é sinônimo de sapato que acaba com os pés, de joias emprestadas e de vestidos que não nos deixam respirar (risos). É divertido por um segundo, claro. Você se produz toda, olha no espelho e se sente maravilhosa. Logo depois, no entanto, você se dá conta de que ficará horas e horas com aquela roupa desconfortável e com os seus pés doendo. Sinceramente, não sei o que há de tão glamoroso nisso.

– E a pressão de estar sempre magra também incomoda?

– Existe, sim, uma pressão para você estar sempre em forma, se quiser continuar nesse negócio. Até para você ser vestida pelos estilistas é mais fácil, se você usar tamanho pequeno. Como odeio fazer compras e experimentar roupas, confesso que a minha maior motivação para ser magra é poder mandar comprar tudo no tamanho pequeno, que é o padrão para Hollywood. Sou muito preguiçosa.

– Do jeito que você fala, parece fácil ser tamanho “P” em Hollywood, onde o pequeno deve ser ainda menor que no resto do mundo.

– Como tenho de correr diariamente atrás de uma criança de 3 anos, isso funciona como um treino, felizmente. A verdade é que não gosto de fazer ginástica. Detesto ir à academia. Prefiro ficar em casa tomando vinho (risos). Mas sei que preciso estar em forma. Então faço um pouco de exercícios e procuro cuidar muito bem da alimentação. Na minha casa, tento comer apenas produtos orgânicos, provavelmente a coisa mais saudável que faço. É por isso que gosto tanto de cozinhar para mim e para minha família. Minha filha também só come o que é orgânico. Não dou para Honor açúcar ou qualquer tipo de comida processada.

– Sua filha já tem alguma noção do que a mãe faz, do que é ser estrela de cinema?

– Ela pensa que eu trabalho num escritório (risos). Como ela geralmente me acompanha aos sets de filmes, acha que o meu trailer é o meu escritório.

– Sempre soube que queria ser mãe ainda nos seus 20 e poucos anos?

– Apesar de ter-me isolado um pouco, nos anos em que filmei sem parar, acho que, no fundo, sempre soube que a minha maior realização seria a familiar. Minha mãe conta que, assim que meu irmão nasceu, eu disse: “Ele é meu. Deixe, eu cuido dele.” Apesar de ser menos de dois anos mais velha do que ele, já queria que ele fosse meu filho. Também sou a mais velha de uma turma de 14 primos e sempre gostei de cuidar deles.

– Você se preocupa em ficar próxima de suas raízes?

– Cresci numa família mexicana-americana e isso é tudo que eu sei. Tenho vergonha de admitir que não falo espanhol. Mas a verdade é que nunca falamos espanhol na nossa casa. Mantemos a nossa cultura mexicana na medida do possível. Nos anos 1960, meu pai e meus avós procuraram se enquadrar como cidadãos americanos, perdendo um pouco dos costumes mexicanos. Infelizmente, era isso que a maioria dos descendentes de outras nacionalidades fazia na época.

– É verdade que, no início da carreira, você não queria ser rotulada como atriz de origem latina?

– Não. O fato é que muitas das minhas declarações sobre não falar espanhol foram tiradas do contexto, dando a impressão de que eu não gostava das minhas raízes mexicanas. Fico feliz por essa diferenciação de raças já estar ficando para trás. Espero que a geração da minha filha não defina as pessoas pela cor.

– Como você e seu marido são nomes de Hollywood, isso atrai ainda mais a atenção dos paparazzi? Como lidam com o assédio da mídia?


– Encaramos como ossos do ofício. Não podemos nos mudar de Los Angeles por conta do que fazemos. Algumas pessoas viram celebridade por fazer coisas escandalosas. Outras ganham fama simplesmente porque trabalham para a indústria do cinema, como é o nosso caso. Já fico feliz por estarmos deste lado da cerca e não do outro, onde as pessoas perdem a noção do ridículo, fazendo qualquer coisa para aparecer. No nosso dia a dia, preferimos ficar bem longe dos holofotes. Ser famoso é uma condição superestimada pelos anônimos.











































































































































































































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