Thursday, May 9, 2019

TESOURO NACIONAL: VIVIANE ARAÚJO



VIVIANE ARAÚJO: "NÃO ACORDO MONTADA, NEM TOMO BANHO SAMBANDO"
01/03/2019 POR CARLA NEVES PARA QUEM

Viviane Araújo chega às nove da manhã em ponto à Casa QUEM, mansão com vista privilegiada no Joá, no Rio de Janeiro, cedida pela AlugueTemporada a QUEM e onde foi feito o ensaio de fotos desta capa. Ao lado de sua assessora de imprensa, aceita o convite para tomar café da manhã enquanto espera o maquiador chegar. Sem frescuras, come melão e torradinhas com manteiga e café. “Tenho um compromisso às 13h. Será que conseguimos terminar tudo até lá?”, questiona a atriz, explicando que anda com o tempo cronometrado nos últimos três meses. Aos 43 anos, ela tem conciliado as gravações de O Sétimo Guardião, onde interpreta a misteriosa Neide, com os ensaios como rainha de bateria do Salgueiro, no Rio, onde desfila desde 2008, e da Mancha Verde, em São Paulo, onde está desde 2005.

Há duas décadas no Carnaval, Viviane conquistou credibilidade no meio do samba e uma legião de fãs. Embora seja considerada por muitos “a rainha das rainhas”, a atriz diverte-se com o título e acredita até que o público exagera um pouco. “As pessoas acham que acordo sambando e com um penacho na cabeça. E não é assim! Não acordo montada nem tomo banho sambando! (risos) Hoje, com as redes sociais, as pessoas querem mostrar uma realidade que não existe. Quando vejo alguém se mostrando de verdade, tiro o chapéu”, elogia.

Fã de gente simples e "de verdade", a "dona do Carnaval" também gosta de mostrar sua realidade - especialmente nas redes sociais (no Instagram, ela tem 7,2 milhões de seguidores e no Twitter 758 mil seguidores). “Às vezes não quero estar bonita 24 horas. Quero poder acordar, tirar uma foto tomando café com uma olheira que é real. Não quero que as pessoas fiquem: ‘nossa, que olheira!’ Por que não posso tirar uma foto com a minha olheira? Essa coisa da rede social de só postar mentirinha, coisa montada e artificial me dá nojo!”, opina ela, que está solteira desde terminou o namoro de dois meses com o engenheiro Klaus Barros, em abril do ano passado. “Vou curtir o Carnaval sem ninguém enchendo meu saco. É muita agitação!”, entrega.

DE OUTROS CARNAVAIS
À frente da bateria do Salgueiro desde 2008, Vivi adotou a comunidade do Morro do Salgueiro, no bairro do Andaraí, na Zona Norte do Rio, como sua família. "É uma paixão. Meu carinho pela escola é enorme", derrete-se ela, que tem o mesmo carinho pela comunidade da Mancha Verde, escola na qual é rainha de bateria desde 2005 em São Paulo. "Já faz uns quatro anos que a Dudinha, filha do presidente (Paulo Serdan), vem do meu lado. Achei tão carinhoso! Porque ela pediu para mim se podia vir à frente da bateria. Eu vi a Duda nascer e é muito fofo isso! Quando ela foi pedir para o pai, ele falou: 'você fala com a Viviane'", conta ela, que será musa do Camarote QUEM O Globo na Sapucaí pelo segundo ano consecutivo.

Vivi está há tantos anos na Avenida que não lhe faltam histórias para contar. “Teve um ano que estava desfilando num carro, começou a chover e comecei a levar choque, não conseguia segurar no Santo Antônio (como são chamadas as barras de segurança), foi uma loucura! Em outro ano, vinha com um tapa-sexo feito um encaixe, em cima de um carro, e balançava tanto que tive que passar a Avenida inteira com a minha perna fechada. Teve outro ano que meu biquíni arrebentou e meu amigo foi consertar e cortou o dedo. Também já caí mas a sorte é que foi quase na dispersão, então não teve tanto alarde. São muitas histórias!”, afirma.

CASO DE AMOR
Vivi não é filha de grandes nomes do samba, nem cresceu entre pandeiros e violões. Mas, desde pequena, sempre foi fascinada, além do normal, pelo universo carnavalesco. “Meu pai (Jocenir Araujo, morto em 2013) sempre gostou e me presenteava no fim de ano com CD de escola de samba, adorava ouvir. Gostava de assistir às escolas na Sapucaí e meus pais me levavam para os bailes com meu irmão. Minha avó materna fazia as minhas fantasias”, lembra.

Foi só aos 20 anos, contudo, que ela desfilou no Sambódromo carioca pela primeira vez. “Meu primeiro desfile foi em 1995 na Império da Tijuca, no Grupo de Acesso. Desfilei num carro abre-alas. Como meu pai sempre foi muito fã de Carnaval, ele pediu a um amigo que tinha um conhecido na escola que me encaixou”, conta.

“Senti uma alegria enorme, achei o máximo, me diverti para caramba. Aliás, me divertia muito mais naquela época. É claro que hoje é mágico, diferente, mas não tinha preocupação, responsabilidade com nada, era uma alegria só. Era uma menina indo curtir o Carnaval. E curtia desfilando nas escolas. Quando comecei, desfilava em várias escolas por noite. Estava ali para curtir, aproveitar, brincar mesmo”, recorda.

SEM PRETENSÕES
Criada em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, ela sempre chamou atenção pela beleza e simpatia. Mas nunca tinha pensado em  ser modelo ou atriz. “Uma amiga minha da época do colégio começou a fazer um curso e falou: ‘vamos fazer, Viviane!’ E fui com ela fazer um curso de modelo e manequim no Retiro dos Artistas. Comecei assim!”, diverte-se ela, que até hoje mantém contato com tal amiga, responsável pelo empurrão inicial na carreira de modelo. “Temos um grupo do colégio no WhatsApp e mantemos contato até hoje”.

Depois do curso, Viviane tomou gosto pelo negócio e passou a se interessar por tudo o que surgia sobre o assunto. “Fui conhecendo pessoas do meio e começaram a surgir concursos de beleza. Fui fazendo e aquilo para mim era uma diversão porque eu gostava. Mas não era uma coisa que eu me imaginava fazendo lá na frente, eu fazia despretensiosamente, curtia aquilo ali de participar dos concursos, de ganhar. Me enfiava em qualquer concurso”, conta, aos risos.

O CONCURSO
Tudo ficou mais sério quando Vivi ganhou o concurso Pantera do Carnaval, no Clube Monte Líbano, na Zona Sul do Rio, em 1994. Na ocasião, ela já circulava pela Marquês de Sapucaí a trabalho. “1994 foi o primeiro ano que fui para a Avenida como promotora de uma marca de cerveja. Eu era uma daquelas meninas com a camisa da marca, que distribui ventarola para os convidados. Tinha acabado de ganhar o concurso Pantera do Carnaval e me chamaram para fazer. Foi a primeira vez que pisei na Avenida e fiquei completamente encantada. Fiquei bem próxima do setor 1 e falei: ‘ano que vem quero desfilar nessa Avenida porque deve ser incrível’. E acabei desfilando na Unidos da Tijuca em 1995”, lembra.

Antes do bem-sucedido casamento com o Salgueiro, Vivi passou por várias escolas de samba do Rio, como Mangueira, Caprichosos de Pilares, União de Jacarepaguá, Inocentes de Belford Roxo, Império Serrano e Mocidade. Foi nos ensaios que ela aprimorou o seu jeito de sambar. “Comecei a sambar mesmo conforme fui me envolvendo nos ensaios das escolas, observando as passistas e pegando todo o jeito. É claro que sempre gostei de dançar. Desde criança, fazia jazz. Mas fui aprimorando ao longo do tempo, com os ensaios e a observação”, conta.

OUTROS CAMINHOS
Nem todos sabem, mas Vivi é formada em Educação Física. “Entrei na faculdade com 17 anos. Gostava muito de academia e um amigo meu ia fazer e falou: ‘vamos fazer? E eu fiz!’ Mas nunca exerci”, conta, recordando que conciliava o curso com os concursos de beleza e o Carnaval. “Na televisão fui eleita Garota do Fantástico em 1994 e depois participei do concurso para a nova morena do É o Tchan”.

Na época, ela chegou até as semifinais e a vencedora foi Scheila Carvalho. “Acho que não era para ser. Fiquei muito triste, chorei e a minha mãe (Dona Neusa) falou para mim: ‘não fique assim, não era para ser, você vai ter coisa melhor na vida’. E sempre acreditei nisso, sempre mesmo. A gente fica triste, mas não tem que ficar se lamentando a vida inteira por não ter acontecido”, argumenta.

ATRIZ
Até 2001, Vivi nunca tinha pensado em ser atriz. Mas, por conta do Carnaval, foi parar no humorístico A Escolinha do Professor Raimundo. Isso porque Paulo Ghelli, diretor da atração, estava precisando de meninas com “a cara do Rio” para interpretar Rosinha, personagem gostosona que apagava o quadro para o Professor Raimundo, interpretado por Chico Anysio. “Foi assim que fiz meu primeiro trabalho na TV e tudo foi acontecendo”, conta ela, que em 1998 fora eleita a Musa do Carnaval.

“Antigamente as pessoas te elegiam musa por algum motivo. Hoje em dia você é musa porque é musa. Quem me consagrou musa naquele ano foi o Fernando Vanucci, que narrava os desfiles na Globo. Foi o primeiro ano que vim como destaque de chão. E por causa disso o Paulo Ghelli me chamou para fazer o teste para a Escolinha. Passei e fiquei três anos fazendo a Rosinha”, diz.

Foi aí que bateu a vontade em Vivi de aprender mais sobre interpretação.  “Quando entrei na Escolinha, era crua mesmo, não tinha noção de nada. Então pensei: ‘agora que estou aqui, preciso me orientar e estudar’. Comecei a fazer cursos de interpretação e foi despertando cada vez mais em mim esse desejo de atuar”, recorda.

RAINHA HUMILDE
Capa de várias revistas masculinas, Vivi coleciona elogios e o assédio dos fãs é constante – seja pessoalmente, ou pelas redes sociais. Apesar de tudo de bom que escuta, ela mantém os pés no chão. E – pasmem! – diz não se considerar um símbolo sexual. “Acho que isso existe pelo fato de eu ter saído em várias revistas, ter desfilado de peito de fora... Aí você fica naquele universo. Mas não sei... Às vezes me considero sexy. Tem mulheres que realmente tem aquela coisa: ‘sou bonita e gostosa 24 horas’. Eu acho que ser sexy está na atitude”, argumenta.

Da mesma forma, ela ri do título “rainha das rainhas”. “Isso é uma brincadeira. Fico muito orgulhosa disso quando me chamam assim pela minha história dentro do Carnaval. Porque passei por muitas coisas e fui conquistando o respeito aos poucos. É difícil, ainda mais por ser uma mulher bonita, gostosa, que sai com peito de fora na Avenida, construir e ganhar o respeito das escolas, dos dirigentes, dos presidentes. E fico muito feliz e orgulhosa que consegui. Mas não sou a rainha das rainhas. Tanto que nunca usei essa hashtag na minha vida. Acho legal as pessoas chegarem para mim e falarem e não eu mesma”, conta.

PREPARAÇÃO
Com 62 quilos distribuídos em 1,64 metros de altura, Vivi malha o ano inteiro para ter fôlego para encarar a Avenida no Rio e em São Paulo. “Sempre me cuido o ano todo, mas não dá para fazer a rotina de treino o dia de Carnaval o ano todo senão não vivo. Gosto de comer, de tomar meu uisquinho. Não dá para me privar de tudo o ano todo. Quando chega mais perto do Carnaval, uns três meses antes, dou uma intensificada, deixo de comer o que mais gosto”, confessa ela, que tem medidas de rainha: 93 centímetros de busto, 69 de cintura, 105 de quadril e 63 de coxa.

A atriz conta com a ajuda de dois personal trainers, um no Rio e outro em São Paulo. “Preciso de personal porque treinar sozinha é um saco. A gente treina porque tem que treinar, mas não fala para mim que é gostoso: ‘ah, vou para academia malhar, que delícia!’ É mentira! Não pode ser gostoso porque dói, você sofre, tem um desgaste. É legal depois, quando você começa a se olhar e vê o resultado. Só que não vou feliz malhar, com um sorriso daqui até aqui! Vou malhar com um sorriso de cão!”, confessa, aos risos.

Às vésperas do Carnaval, Vivi treina todos os dias, duas horas, menos domingo. “Faço musculação e gosto de correr, corro na praia e isso tem feito uma diferença legal. Também faço exercício aeróbico”, conta ela, que fez um “detox turbo” (sucos detox, chás, sopas e uma alimentação de baixo carboidrato) com a consultora fitness Vanessa Rangeli para dar uma secada rápida (em 15 dias, ela perdeu 3,5 quilos). “Me ajudou a dar uma desinchada, mas mantenho a forma treinando e comendo bem”.

E comer bem, para a atriz, é comer de tudo. “Não faço dietas loucas. Perto do Carnaval não deixo de comer meu arroz e meu feijão. É claro que não como feijão todo dia, mas como meu arroz, meu feijão, uma salada, uma carne. Peço para a minha empregada cortar o sal e os condimentos de tudo. Como pão light, torradinha. Não me privo do que gosto, mas reduzo as porções. E tiro o que não é legal de comer mesmo, tipo açúcar. Mas não me ligo muito em doce. Adoro massa, pizza, empadão. E bebo muita água”, explica ela, que fez o implante do chip da beleza com a médica Caroline Frota. “O chip é para reposição hormonal, me dá disposição, me deixa mais animada para o treino, para a vida, para tudo”.

BATALHADORA
Vencedora da quinta edição de A Fazenda, em 2012, reality da Record em que ganhou R$2 milhões, Vivi admite viver bem com o que conseguiu conquistar até hoje. “Consegui comprar imóvel, carro”, diz ela, admitindo que entrou no programa pelo dinheiro e posou para as revistas masculinas pelo mesmo motivo. “Na época foram surgindo convites e rolava uma grana bem legal. Fui fazendo, não tinha pudor em relação a isso, nunca tive”, recorda.

Desde a adolescência, a atriz é independente. “Nunca tive mesada de pai e mãe. Com 16 anos comecei a fazer feiras de exposição e ganhava meu dinheirinho”, orgulha-se ela, que ajuda todo mundo. “Acontecem umas coisas inesperadas e o dinheiro está ali para isso também, né? Não vai ter o dinheiro para ele ficar parado. Ajudo todo mundo. E gosto de viajar, sair para comer, comprar”, acrescenta, aos risos.

SONHO
De relacionamentos longos, Vivi foi casada 9 anos com o cantor Belo e ficou outros 10 com o jogador de futebol Radamés, de quem se separou em meados de 2017, ela tem vontade de ser mãe. “Vou ter um filho e meu pensamento é de ter com um marido. Comecei a pensar em congelar meus óvulos há uns dois anos, mas foi passando e não fiz. Quero ter um filho. Se não for naturalmente, posso adotar”, planeja.

Prestes a completar 44 anos, no dia 25 de março, a atriz está de bem com a vida e, principalmente, com ela mesma. “Sempre me curti em todas as fases da minha vida, nunca tive problema. Só quando entrei para a academia, em 2000, e comecei a pegar pesado na malhação, meu peito ficou muito pequenininho e decidi colocar prótese. Também já corrigi meu nariz, que tinha uma bolinha”, diz ela, que tem sonhos simples. “Peço a Deus todos os dias que nunca me falte saúde e trabalho”.
























































































































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