Wednesday, May 1, 2019

CLAUDIA CARDINALE, A MAIS LINDA SEREIA DO CINEMA ITALIANO FAZ 81 ANOS





















































TALENTO E BELEZA DE CLAUDIA CARDINALE DESFILAM PELO RIO DE JANEIRO DESDE 1965
Com 70 filmes na carreira, como ‘Oito e meio’ e ‘O Leopardo’, atriz, que completa 80 anos, filmou no Morro da Babilônia, brilhou em festival na cidade e até aprendeu a sambar
Por Frima Santos para O GLOBO (06-04-2018)

No fim dos anos 50, quando várias atrizes italianas brilhavam nas telas, Claudia Cardinale iniciou uma ascensão meteórica no cinema, pois, além de bonita, sabia atuar. Estrelou obras-primas de Luchino Visconti, Federico Fellini, Mauro Bolognini, Sergio Leoni e Werner Herzog, que trouxe a atriz ao Brasil para filmar pela segunda vez. A primeira fora em 1965, quando veio ao Rio para rodar “Uma rosa para todos”, de Franco Rossi. Ao interpretar uma brasileira que vivia no Morro da Babilônia, em Copacabana, até aprendeu a sambar. Durante sua estada, participou ainda de roda de samba com Nelson Sargento, Paulinho da Viola e outros sambistas em programa da Rede Globo e desfilou sua beleza no Festival Internacional do Filme, realizado no Cine Palácio, na Cinelândia.

Com participação em mais de 70 filmes, ao lado de astros como Marcello Mastroianni, Alain Delon e Henry Fonda, sua estreia aconteceu em "I soliti ignoti" (1958), de Mario Monicelli, e ainda hoje ela permanece em atividade. Com Visconti, foram quatro longas: “Rocco e seus irmãos” (1960), “O Leopardo” (1963), “Vagas estrelas da Ursa” (1965) e “Violência e paixão” (1974). A lista inclui ainda “O belo Antonio” (1960), de Bolognini; “Oito e meio” (1963), de Fellini; “A Pantera Cor-de-Rosa” (1963), de Blake Edwards; “Era uma vez no oeste”(1968), de Leoni, e “Fitzcarraldo” (1981), de Herzog.

Um de seus filmes mais comentados no início dos anos 60, "O leopardo", de Visconti, foi tema de reportagem do enviado especial do GLOBO ao Festival de Cannes de 1963, Octávio Bomfim: “'Il Gattopardo' e 'Harakiri' (de Masaki Kobayashi) são dois filmes extraordinários. (...) Com muita razão foi dito que 'Il Gattopardo' é uma espécie de 'Museu de Visconti', pois cada cena é um quadro em si mesma. E isso é mais patente na seqüencia final do baile, que dura exatamente 35 minutos. (...) Quem tiver paciência para agüentar esses 35 minutos cansativos verá o baile mais fantástico jamais focalizado pelo cinema”, escreveu na edição de 5 de junho.

Ao ser lançado no Brasil, o filme que ganhou a Palma de Ouro em Cannes foi “cortado em cerca de 60 minutos de projeção, num desrespeito ao público". O crítico do GLOBO, em 22 de maio de 1964, justificou a baixa avaliação da obra consagrada:"Nosso 'bonequinho talvez pudesse ficar assistindo sentado; mas em face da criminosa mutilação preferiu sair envergonhado”.

Quanto ao longa rodado no Rio, reportagem do GLOBO, publicada em 17 de agosto de 1965, conta: “As primeiras cenas do filme 'Uma rosa para todos' foram efetuadas ontem no Morro da Babilônia (...). Claudia Cardinale participou das primeiras tomadas e sua presença chamou a atenção dos favelados e admiradores que à tarde subiam ainda o morro para ver de perto a atriz”.

Mas até se tornar uma estrela, a filha de uma dona de casa e um ferroviário,nascida em 15 de abril de 1938 e batizada como Claude Josephine Rose Cardinale, passou por momentos difíceis. Claudia entrou para o mundo do cinema depois de um drama pessoal. Ao ser estuprada aos 16 anos por um francês em Túnis, onde nasceu, ficou grávida e decidiu ter o bebê. Filha de imigrantes italianos da Sicília, deixou a Tunísia e seguiu para a Itália. Tímida, Claudia ganhou um concurso de beleza em 1957, cujos prêmios eram uma viagem ao Festival Internacional de Cinema de Veneza e um contrato com a Vides Filmes. Durante o festival, foi descoberta pelo produtor Franco Cristaldi, que direcionou sua carreira e com quem se casou. Abandonou os planos de ser professora e viu na profissão de atriz uma forma de ganhar dinheiro, ser independente e criar Patrick. A solução deu tão certo que ela se tornou musa do cinema.

Ao contrário de astros que preferem omitir momentos negativos, em seu livro de memórias “Eu Claudia, você Claudia", lançado no Brasil em 1996, ela conta que inicialmente sua carreira era regida por um contrato draconiano com a Vides Filmes e Cristaldi. Nesse contrato, foi obrigada a declarar seu filho Patrick como irmão. O menino, que foi adotado por Cristaldi, era criado pelos pais de Claudia, que sempre ia a Túnis visitá-lo. Mas nos anos 60 a verdade foi descoberta por um jornal italiano, obrigando a atriz a reconhecer a maternidade e gerando fofocas e versões estapafúrdias. Sobre o assunto, Henrique Pongetti publicou em sua coluna no GLOBO, em 13 de maio de 1967:

“Minha opinião pessoal: Franco Cristaldi era casado quando conheceu Claudia (...). Patrick é seu filho, mas não fica bem revelar agora que o homem casado na Itália deu na garota inexperiente e ambiciosa o golpe do gavião”.

Claudia Cardinale abandonou Cristaldi em 1975, e no mesmo ano casou-se com o diretor napolitano Pasquale Squittieri, que chamou de "o único amor" de sua vida em entrevista ao "Corriere della Sera", em 18 de fevereiro de 2017. Estava disposta a começar uma nova etapa. Em 1978, aos 40 anos, tornou-se mãe de Claudia Squittieri. Sempre trabalhando muito, no período participou de nove produções.

Em 2012, dirigida por Manoel de Oliveira, atuou em "O gebo e a sombra", ao lado de outro ícone do cinema, Jeanne Moreau, dez anos mais velha. Em entrevista ao GLOBO, publicada em 2 de novembro, quando voltou ao país mais uma vez para a exibição do longa na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, a atriz, que na juventude foi comparada por Visconti a uma gata, por sua marcante voz rouca e beleza felina, falou sobre envelhecer:


— Estar atuando é fantástico porque, geralmente, quando a mulher envelhece na indústria do cinema, ela não recebe mais tantos papéis. É raro porque a maioria dos papéis, especialmente na TV, é para mulheres jovens que não estão interessadas em interpretar, somente em aparecer. A TV hoje só quer mostrar mulheres jovens e sexies, com bocas inchadas de tanto preenchimento e uma cultura de beleza tirânica. Eu não gosto porque a verdade é que você não consegue parar o tempo. Eu não faço lifting porque de outra forma você olha para si mesma no espelho e não se reconhece mais.











































































































































































































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